GIL VICENTE 03. AUTO DOS REIS MAGOS (1503)

o rei mago

Resumo:

Um pastor está desesperado porque perdeu-se, ao procurar o local onde nasceu Jesus. Encontra outro pastor com um ermitão; este o tranquiliza e lhe garante que conseguirá ver o menino. Um cavaleiro que estava com os Reis Magos, também perdido, chega-se a eles. Conta que estavam seguindo uma estrela. Ao ouvir do cavaleiro a descrição de como era a estrela, o Ermitão percebe que se trata do Redentor e fala do salmo que anunciava o seu nascimento e a adoração dos Magos. Chegam os três Reis e, diante do presépio, cantam.

GV007. Três Reis Magos

Quando la Vírgen bendita

Lo parió,

Todo el mundo lo sentió.

Los coros angelicales

Todos cantan nueva gloria;

Los tres Reyes la victoria

De las almas humanales.

En las tierras principales

Se sonó

Quando nuestro Dios nació.

(cantam Geovani Dallagrana, Gerson Marchiori e Graciano Santos)

Comentário: 

Segundo informação na rubrica inicial da peça, a rainha velha, Dona Leonor, que se tornaria a protetora de Gil Vicente, após a apresentação do auto anterior, pediu-lhe um trabalho para o dia de reis. Se isto é certo, Gil Vicente fez o texto da peça sobre os Reis Magos em doze dias. Isto explicaria seu tamanho reduzido. Contém apenas uma canção.

Valério, pastor, dá a nota cômica, ao dizer quão feias seriam as mulheres, se Deus não quisesse que os homens as amassem.

 

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GIL VICENTE 02. AUTO PASTORIL CASTELHANO (1502)

o anjo

Resumo:

Pastores guardam seu gado. Quando estão dormindo, um anjo aparece a um deles e anuncia o nascimento do Redentor. Um pastor explica aos companheiros as profecias sobre o nascimento do menino. Vão-se ao presépio, oferecem seus presentes e saem cantando.

GV002. Gil

Menga Gil me quita el sueño,

Que no duermo.

(canta Geovani Dallagrana)

GV003. Anjo

Ha pastor!

Que es nacido el Redentor.

(canta Jaqueson Magrani)

GV004. Todos

Aburremos la majada,

Y todos con devocion

Vamos ver aquel garzon.

Veremos aquel niñito

De agora recien nacido.

Asmo que es le prometido

Nuestro Mexias bendito.

Cantemos a voz en grito.

Con hemencia y devocion,

Veremos aquel garzon.

(cantam Geovani Dallagrana, Gerson Marchiori e Graciano Santos)

GV005. Todos

Norabuena quedes, Menga,

Á la fe que Dios mantenga.

Zagala santa bendita,

Graciosa y morenita,

Nuestro ganado visita,

Que ningun mal no le venga.

Norabuena quedes, Menga,

Á la fe que Dios mantenga.

(canta João Batista Carneiro)

GV006. Todos

Laus Deo

(canta Kátia Santos)

Comentário:

Esta seria realmente a primeira peça de Gil Vicente, com personagens definidos e um pequeno enredo. Há o pastor solitário e sonhador, que conhece as profecias e citações em latim, há o que gosta das festas da aldeia. Ainda é em castelhano. Aqui também já percebemos uma das características vicentinas: a introdução de frases em latim, algumas delas com palavras modificadas, ora por causa da rima, ora da métrica. Um exemplo:

“Porque este es el cordero

qui tollis peccata mundo (mundi),

el nuestro Adan segundo,

y remedio del primero.”

Nesta peça também Gil Vicente introduziu pequenos trechos de canções conhecidas na época, algumas encontradas na íntegra em Cancioneiros famosos.

Há um interessante momento cômico, quando Silvestre fala da família de sua recém esposa, onde todos têm sobrenomes engraçados, quase puro deboche, e do dote que recebeu.

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GIL VICENTE 01.  AUTO DA VISITAÇÃO (MONÓLOGO DO VAQUEIRO) – (1502)

o vaqueiro

Resumo:

     O rei: D. Manuel. A rainha: D. Maria. A noite: 07 de junho de 1502.  O príncipe João, que será o rei João III de Portugal, nasceu ontem. Agora, com a corte reunida, Gil Vicente, vestido de vaqueiro, apresenta-se com o seu Auto da Visitação. Sua entrada já é teatral: levou, do lado de fora, umas porradas de uns criados mas conseguiu bater pelo menos num deles. Admira a câmara, dirige-se à rainha e elogia o príncipe e seus parentes. Anuncia que outros companheiros do povo trazem presentes simples e, baseado em sua experiência, eles também terão arrancados os seus cabelos.

GV001. Vaqueiro (fala)

Pardiez! siete arrepelones

Me pegaron á la entrada,

Mas yo dí una puñada

Á uno de los rascones.

Empero, si yo tal supiera,

No veniera,

Y si  veniera, no entrára,

Y si entrára, yo mirára

De manera,

Que ninguno no me diera.

Mas andar, lo hecho es hecho:

(fala: Jorge Teles)

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