Monteiro Lobato – O Saci

O SACI

Capítulos 17, 18, 19 e 20

 

17 – Meia-noite

Nesse ponto da prosa a flor que servia de relógio abriu-se toda.

— É hora! — exclamou o saci. — Estamos justamente no meio da noite.

Apesar de valente, Pedrinho não deixou de sentir um certo arrepio pelo corpo. Primeira vez na vida em que ia passar uma noite inteira na mata — e não seria uma noite comum, pelo que dizia o saci.

— Não se arreceie de coisa nenhuma. Deixe tudo por minha conta, que nada de mal há de acontecer — disse o saci, correndo os olhos em redor como em procura de alguma coisa. — Venha comigo. Há ali uma peroba minha conhecida, onde encontraremos o melhor dos refúgios.

De fato. Na tal peroba havia um oco a doze pés acima do chão, muito próprio para esconderijo. Dentro dele os dois acomodaram-se à vontade e de modo a tudo poderem ver sem perigo de serem vistos. Continue lendo “Monteiro Lobato – O Saci”

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Monteiro Lobato – O Saci

O SACI

Capítulos 13, 14, 15 e 16

 

13 – Novas discussões

Tinham de esperar a meia-noite, porque só a essa hora, é que os duendes da floresta saem de suas tocas. Para matar o tempo, o saci começou a explicar a Pedrinho o que era a vida na natureza.

— Você nunca poderá fazer ideia da vida encantada que temos por aqui — disse ele.

— Ora, ora! — exclamou o menino. — Não há o que os homens não saibam. Vovó tem lá uma História Natural que conta tudo.

O saci riu-se e tirou uma baforada do pitinho.

— Tudo? Ah, ah, ah!… Livros como esses não contam nem isca do que é, e estão cheios de invenções ou erros. Basta dizer que para cada inseto seria preciso um livro inteiro só para contar alguma coisa da vidinha deles. E quantos insetos existem? Milhões… Continue lendo “Monteiro Lobato – O Saci”

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Monteiro Lobato – O Saci

O SACI

Capítulos 9, 10, 11 e 12

 

9 – A sucuri   

      — Um monstro! Acuda, saci! Um monstro com corpo de cobra e cabeça de boi!… — gritou Pedrinho, trepando de novo no guarantã com velocidade ainda maior que da primeira vez.

      O saci foi ver o que era e voltou dizendo:

      — É uma sucuri que acaba de engolir um boi. Desça que não há perigo. Ela está dormindo e dormirá assim dois ou três meses até que o boi esteja digerido.

      Apesar da confiança que o saci lhe merecia, o menino foi pulando de árvore em árvore para só descer a cem passos dali. Mas como a tentação de ver a sucuri fosse grande, foi voltando, voltando, até chegar em ponto de onde pudesse observá-la à vontade.

      Era das maiores que se poderiam encontrar, devendo ter pelo menos uns trinta metros de comprimento e a grossura da cabeça de um homem. Pedrinho não podia compreender como um boi inteiro pudesse caber dentro dela. Continue lendo “Monteiro Lobato – O Saci”

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