dante alighieri – vita nova 17. io mi senti…

Dante Alighieri – Vita Nova 17
Io mi senti’ svegliar dentro a lo core… (sonetto)

Io mi senti’ svegliar dentro a lo core
un spirito amoroso che dormia:
e poi vidi venir da lungi Amore
allegro sì, che appena il conoscia,
dicendo: “Or pensa pur di farmi onore”;
e ‘n ciascuna parola sua ridia.
E poco stando meco il mio segnore,
guardando in quella parte onde venia,
io vidi monna Vanna e monna Bice
venire inver lo loco là ‘v’io era,
l’una appresso de l’altra maraviglia;
e sì come la mente mi ridice,
Amor mi disse: “Quell’è Primavera,
e quell’ha nome Amor, sì mi somiglia”.

(canta jorge teles)

o dia sem nome, 2

    
    O dia sem nome, 2.
João já estava morto. Lá fora alguém cantava uma velha inesquecível canção proibida
apesar de você, amanhã há de ser outro dia,
mas João já estava morto. Não ouviu o zumbido do extermínio, sua perna dormente desmanchou-se, suas coxas e nádegas, cheias de agulhadas de droga, se esfarelaram, seus rins magoados viraram gelatina, os pulmões amarrotados deixavam para sempre de inflar.
A cidade do fumo, a mancha cinzenta, adormecia, apesar de todos aqueles repetidos desastres que aos poucos eram serenados. No sul e no norte, o mesmo fado. A mesma sina a leste e a oeste. A fortuna negra, a fortuna mais amarga, calara o coral da humanidade e todo o acompanhamento da orquestra da vida. Não mais mães, nem vizinhos, nem alunos, nem doentes. Só cidades, vazias e imensas, por isso mesmo muito mais mortas. Não mais folhas nem seiva nem pomos nem gemas nem rebentos. Apenas terra e areia, deserto e solidão. No lugar onde antes pontificavam as imensas florestas, fortificações inexpugnáveis, depois do murmúrio com que desabou a grandeza da massa verde, no lugar das grandes árvores, apenas uma extensíssima gosma, aderindo ao chão, espelhando uma coloração brilhante para o vazio. Sem ovos, sem peixes, sem algas, sem criaturas imensas vagantes no mar sem fim. Mas a canção contínua, não mais ouvida, a luta eterna das vagas contra os rochedos de Prometeu, não mais cantada pelos poetas que já não vagabundavam em busca da resposta; o imenso aguaréu, morto e incansável. Não mais ninhos, não mais répteis, não mais cabras arriscando a vida no salto impossível, não mais águias rasgando a tenra carne do cordeiro abatido. O vento, sim, cortante como sempre, trabalhador que não desistia de desfazer montanhas, fragmentando-as hoje e hoje e hoje e hoje. A neve, sim, pesando como almofada de morte que asfixia, branca e luminosa. A noite, também, penetrando primeiro nas grutas mais profundas, depois nas brexas, finalmente engolindo a planície e a montanha. A lua, às vezes gôndola curva, às vezes virgem oculta, às vezes escandalosa moeda de luz orgulhosa, azulando os planaltos, prateando as ruínas obstinadas. As estrelas, piscando o indecifrável mistério polvilhado.
Para quê mar, sem menino assustado com o barulhão? Para quê ventos, sem ouvidos para estremecer ante os uivos de pavor? Para quê neve, sem pés descalços para endurecerem? Para quê lua, para quê lua e estrelas, para quê lua, se se tinham silenciado os corações ébrios? Para quê lua e deserto? Para quê estrelas e terraços, se Eric não era mais? Para quem o arco íris, para quem a chuva, para quem a imensa dúvida de para quê tudo isto?
Os monumentos da vaidade foram tombando aos pouquinhos. Emudeceram os gritos e os sussurros. Perderam o encanto as fadas e os ogros. As janelas tiveram vasados os olhos. As estradas permaneceram não percorridas. Não mais se levantou o cajado para brotar a fonte da morte na cabeça do inocente. A lâmina da mentira e o estilete da calúnia tiveram interrompidas as suas missões de dividir para a destruição. À filha de Sião não mais era dado chorar. Suspensa foi a peregrinação do homem.

Gil Vicente12. FARSO PRI LA KURACISTOJ (1512)

la kuracisto

Resumo:

Enamiĝinta Kleriko ordonas al la Servisto ke li iru al Blanka Denize por paroli pri lia pasio. La Servisto ne volas ĉar, laŭ li, ŝi ĉiam mokas kaj forpelas lin. Finfine li tion faras, kaj kunportas leteron. La junulino ĝenas lin kaj ŝiras la leteron, eĉ sen legado. La Kleriko malsaniĝas. Post tio venas virino kaj kvar kuracistoj. Ĉiu prezentas sian preskribon, kiu, nenimaniere estas sciencaj. La virino preskribas ke li ŝvitu sub fekaĵo de maljuna porko. La lasta kuracisto laboras laŭ la Astrologio kaj diras: La luno estis en Fiŝoj, tio okazis merkrede, Merkuro estis je la unua horo… mi ne vidas kialon por vera febro. Finfine venas la Pastro, por la sanktoleado. Kiam li aŭdas pri la daŭro de la pasio, du jarojn, li ekkrias: En amoroj, du jaroj kaj aliaj pli dek korespondas al du. Mi en fajro ardas dum dekkvin jaroj! Mi metos la manon sur vin kaj vi ŝajnigos ke vi saniĝis. Kaj la Pastro envenigas kantistojn por la fino de la teatraĵo. Ili kantas muzikan “salaton”, nome, miksaĵo de diversaj kanzonoj kun teksto tute sensenca (Estis majo, tago antaŭa al Kristnasko… Noktomezo kun luno, ĝuste kiam aperas la suno… Estas la florplena Pasko, je la monato de Sankta Johano…).

GV028. Kvar kantistoj

En el mes era de Maio,
Véspora de Navidad,
Quando canta la cigarra,
Quem ora soubesse
Onde amor nacesse,
Que o semeasse.
Media noche con lunar
Al tiempo que el sol salia,
Recordé, que no dormia
Con cuidado de cantar.

Ervas do amor, ervas,
Ervas do amor,
Á las puertas de la ciudad,
Dijo el abad á Teresa:
Tan buen molinero sondes,
Martin Gomes,
Tan buen molinero sondes.

Era la Pascoa florida
En el mes de San Juan.
Cuando la mona parida
Perguntó al sacristan
Teresica del Robledo,
Que te guarde Dios de mal:
Respondió Pero Piñan
Estae quedo co’a mão,
Frei João, Frei João,
Estae quedo co’a mão.

Padre, pois sois meu amigo,
Quando falardes comigo,
Frei João,
Estareis vós quedo, mas estai vós quedo,
Mas estai vós quedo co’a mão;
Frei João, estai quedo co’a mão.
Perguntaban cual Pirico,
Qual Pinão ou qual Frei João,
Não diria quien era la moça,
Não diria quem, nem quem não.
Yo yendo mas adelante,
Dijo Francia en su latin:
Se volen la guerra, se volen la guerra,
Bone xi si volen la guerra,
Vera xi si volen la guerra.
Dijo la vieja en Portugues:
Palombas, se amigos amades
No riñades
Paz in celis, paz in terra
E paz no mar:
Tan garredica la vi cantar
Ficade amor, ficade,
Ficade amor.

La monato estis majo
Tago antaŭa al Kristnasko,
Kiam la cikado kantas,
Tiu, kiu scias
Kie naskiĝas la Amo,
Tiu, semu ĝin.
Noktomezo kun luno,
Ĝuste kiam aperas la suno,
Mi memoris ke mi ne dormis,
Pro la zorgo kanti.

Herboj de Amo, herboj,
Herboj de Amo,
Ĉe la pordoj de la urbo,
La abato diris al Terezo:
Bona muelisto vi estas,
Martin Gomes,
Bona muelisto vi estas.

Estis la florplena Pasko,
Je la monato de Sankta Johano.
Kiam la naskinta monaĥino
Demandis al Sacristiano
Teresica del Robledo,
Dio vin gardu kontraŭ malbono.
Pero Piñan respondis
Estu kvieta via mano,
Frato Johano, Frato Johano,
Estu kvieta via mano.

Pastro, ĉar vi estas mia amiko,
Kiam vi parolos al mi,
Frato Johano,
Ĉu vi estos kvieta? Estu kvieta;
Estu kvieta via mano;
Frato Johano, estu kvieta via mano.
Oni demandis kiu Pirico,
Kiu Pinão aŭ kiu Frato Johano,
Mi ne diros kiu estis la junulino,
Mi ne dirus kiu jes, nek kiu ne.
Kiam mi iris antaŭen
Francio diris en sia latina lingvo:
Se vi volas militon, se vi volas militon,
Bone, se vi volas militon,
Vi vidos, se vi volas militon.
Maljunulino en la portugala diris:
Kolombinoj, se vi amas la amikojn
Ne disputu
Paco en ĉielo, paco en tero
Kaj paco en maro;
Mi vidis ŝin tiom gracie kanti
Restu ĉe mi, Amato, restu,
Restu, Amato.

(kantas Jorge Teles)

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