GIL VICENTE 37. FARSA CHAMADA AUTO DA LUSITÂNIA (1532)

lusitânia

 

Resumo:

A primeira cena é entre uma família de judeus. O pai e o filho cantam uma canção bélica e a mãe retruca com uma canção de amor. O pai: “Se a cantiga não falar em guerra de cutiladas… não nas quero ver cantar”. Entram dois outros judeus e avisam que precisam criar uma apresentação teatral pois a corte está na cidade, e entre eles o principezinho acabado de nascer, Dom Manoel, filho do rei Dom João III. Esta apresentação deverá ser feita por um certo Gil Vicente. Um Licenciado começa o auto e apresenta uma descrição jocosa do Autor Gil Vicente: “E quer-se o demo meter, o tecelão das aranhas, a trovar e a escrever as portuguesas façanhas, que só Deus sabe entender!” E continua: Gil Vicente se apaixonou por uma donzela-demônio que o levou a uma Sibila. Esta lhe ensinou segredos do passado de Portugal. Segue-se a dramatização do casamento entre Lusitânia, filha de uma ninfa com o Sol, e o príncipe Portugal, vindo da Grécia. Mercúrio quer desposá-la e vem com a corte do Olimpo: Vênus, Verecinta, Februa, Juno e dois diabos, Dinato e Berzebu, servidores das deusas. Os Diabos apresentam um impressionante entremez sobre Todo-Mundo e Ninguém. Quando as deusas percebem que entre Lusitânia e Portugal há um verdadeiro amor, aconselham-na a recusar Mercúrio e casar-se com Portugal. Fazem realizar as bodas com cantares.

GV124. Pai e Filho

Ai Valença, guai Valença,
De fogo sejas queimada,
Primeiro foste de moiros
Que de christianos tomada.
Alfaleme na cabeça,
En la mano una azagaya,
Guai Valença, guai Valença,
Como estás bem assentada;
Antes que sejão tres dias
De moiros serás cercada.

(canta Geovani Dallagrana)

GV125. Mãe

Donde vindes, filha,
Branca e colorida?

De lá venho, madre,
De ribas de hum rio;
Achei meus amores
N’hum rosal florido.
Florido, enha filha,
Branca e colorida.

De lá venho, madre,
De ribas de hum alto,
Achei meus amores
N’hum rosal granado.
Granado, enha filha,
branca e colorida.

(cantam Carmen Ziege e Kátia Santos)

GV126. Maio

Este he Maio, o Maio he este,
Este he o Maio e florece,
Este he Maio das rosas,
Este he Maio das fermosas.

Este he Maio e florece,
Este he Maio das flores,
Este he Maio dos amores,
Este he Maio e florece.

(canta João Batista Carneiro)

GV127. Deusas

Luz amores de la niña
Que tan linduz ujuz ha,
Que tan linduz ujuz ha,
Ay, Diuz quien luz habrá,
Ay Diuz quien luz habra!

Tiene luz ujuz de azor,
Hermuzuz como la flor:
Quien luz serviere de amor
No sé como vivirá,
Que tan linduz ujuz ha,
Ay, Diuz quien luz servirá,
Ay Diuz quien luz habrá!

Suz ujuz son naturalez
De las águias realez,
Luz vivuz hacen mortalez,
Luz muertuz suspiran allá,
Que tan linduz ujuz ha,
Ay, Diuz quien luz servirá,
Ay Diuz quien luz habrá!

(canta Carmen Ziege)

GV128. Venus

La bela mal maridada
Mal gozo viste de ti.

(canta Jorge Teles)

GV129. Todos

Vanse mis amores, madre,
Luengas tierras van morar,
Yo no los puedo olvidar.
Quien me los hará tornar,
Quien me los hará tornar?

Yo soñara, madre, un sueño
Que me dió nel corazon,
Que se iban los mis amores
Á las islas de la mar,
(Allá se van a morar,)
Yo no los puedo olvidar.
Quien me los hará tornar,
Quien me los hará tornar?

Yo soñara, madre, un sueño,
Que me dió nel corazon,
Que se iban los mis amores
Á las tierras de Aragón:
Allá se van a morar,
Yo no los puedo olvidar.
Quien me los hará tornar,
Quien me los hará tornar?

(canta Kátia Santos)

 

Comentário:

Eis novamente Gil Vicente pilotando sua arte nos mares da fantasia, senhor absoluto de cada manobra, conduzindo-nos ao capricho de seu talento numa viagem onde não faltam a beleza e a mordaz crítica às fraquezas da humanidade. Quando as deusas montam um tipo de altar para realizar o casamento, os dois Diabos fazem uma paródia das bem-aventuranças: “Beato seja e aceito o que doce língua tem e a maldade no peito… Bento seja o verdadeiro avarento per natura, que pôs a alma no dinheiro…” Quando terminam, resolvem anotar o que presenciam no mundo, para prestar contas ao rei Lucifer. Entram em cena os dois personagens Todo-Mundo e Ninguém, e os Diabos vão anotando o diálogo entre os dois, que estão procurando por algo: Todo-Mundo quer dinheiro, Ninguém busca a consciência… Todo-Mundo quer ser louvado, Ninguém quer ser repreendido… Todo-Mundo é mentiroso e Ninguém fala a verdade.
Um personagem chamado Everyman surgiu na Inglaterra por volta de 1530, derivado de uma moralidade holandesa Elckerlijk, texto impresso em 1495, sendo autor presumível Peter Dorlandus.. A peça de Gil Vicente é de 1532 e nada tem a ver com a peça inglesa. Nesta, Everyman é visitado pela Morte, a mando de Deus, para que se arrependa dos erros e em seguida mantém contato com alegorias como a Força, a Discreção, o Conhecimento, etc. Os dois personagens de Gil Vicente apresentam um comentário simbólico sobre o comportamento humano. Este jogo de palavras, atribuindo a um personagem um nome que o faça representante de toda a humanidade, de uma de suas características ou tão só uma abstração, criou as alegorias, que proliferaram em todas ou quase todas as peças da idade média. Surgiu no episódio do Cíclope, da Odisséia de Homero. Ulisses, o astuto, diz a Polifemo que seu nome é Ninguém. Quando os outros cíclopes vêm em socorro do irmão, após a cegueira, ele brada: Ninguém me feriu…
Gil Vicente transforma a sua cena curtíssima numa síntese aguçada sobre o Homem.
Ressaltemos ainda que as deusas, no início de sua apresentação e numa das canções, falam com ceceo. “Dejemuz ora el cantar y antez de estaz ricaz bodaz que venimuz celebrar…”  Como foi mencionado no Comentário à peça Farsa das Ciganas, os deuses vinham do oriente e também os ciganos. Como os ciganos falavam ceceando, os deuses também deviam falar do mesmo modo.

comércio internacional de armas

COMÉRCIO INTERNACIONAL DE ARMAS

Comentários sobre o livro Journal intime d’un marchand de canons, de Philippe Vasset.

    Journal intime d’un marchand de canons, que poderia ser traduzido como Diário íntimo de um vendedor de canhões é uma ficção de Philippe Vasset. O autor é jornalista. E já no Prefácio, adverte: “…por trás dessas histórias, se agita uma realidade globalizada, sobre a qual nada se sabe, ou quase nada. Apesar de ser ficção, todos os episódios aconteceram, os nomes e as datas são verídicos.” O autor também anuncia a intenção de publicar outros dois livros com os títulos (vou traduzir): Diário íntimo de um provocador de fomes e Diário íntimo de um manipulador.
    Ao descrever uma série de ações para proteger segredos, o narrador cria um clima de romance de espionagem; exemplos: como catalogar nomes e endereços de clientes através de códigos, como destruir senhas de celulares comprados em países estrangeiros, como queimar papéis velhos sem chamar a atenção de vizinhos, papéis que contêm cadastros com dados de generais, almirantes, políticos, que servem de intermediários entre o vendedor e os responsáveis  pelas compras (geralmente, também políticos e militares), papéis que contêm textos sobre as armas dos concorrentes… Isto porque os vendedores de armas (alguns, oficiais, outros, contrabantistas) correm riscos diante da espionagem industrial, da polícia dos serviços de inteligência de diversos países e dos jornalistas.
    Como clientes, é um vale-tudo inescrupuloso, sem bandeira, sem religião, e, principalmente, sem ideologia: a Etiópia quando comunista, a Sérvia em guerra, o mundo islâmico, Saddan Hussein, Hugo Chavez… E haja corrupção: Os militares que dão o parecer sobre as compras recebem suas quotas como “presentes”. Às vezes, o próprio governo do país vendedor faz as doações, oficialmente. Ao longo do livro, percebe-se que o vendedor de armas não passa de um camelô. São os ministérios de defesa dos países vendedores que operam e resolvem tudo.
    Vejamos dois casos citados com minúcia:

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canções infantis em esperanto 06.samba lelê

SAMBA-LELE’ (Samba-Lelê)
 


Samba-Lele’ malsaniĝis
Al ŝi doloras la kapo.
Mi opinias ke ŝi nur
Saniĝos post forta bato.

Tretu, tretu, ho mulatino
Jupan randon, ho mulatino (dufoje).

Ho mulatino gracia
Instruu pri amindumo.
Elektu la amatinon,
Allogu per palpebrumo.

Tretu, tretu, ho mulatino
Jupan randon, ho mulatino (dufoje).

Ho mulatino gracia
Instruu pri kuirado.
Metu la paton sur fajron,
Foriru por promenado.

Tretu, tretu, ho mulatino
Jupan randon, ho mulatino (dufoje).

Ho mulatino gracia
Diru nun vian adreson.
Tion mi ne rajtas fari.
Paĉjo ne donas permeson.

Tretu, tretu, ho mulatino
Jupan randon, ho mulatino (dufoje).