o cabra cabrez

ana eduarda

 O CABRA CABREZ

(esta pecinha foi apresentada com fantoches no aniversário de 5 anos do Bruno; agora, 2009, Ana Eduarda ilustrou)

                                        ana eduarda

MOSQUITO (todo machucado, canta acompanhado do violão):

  A vida é dura
  E fez-se noite escura;
  A luz foi presa
  No gatilho do forte.
  A espada fura,
  E  leva à sepultura;
  Canta a tristeza
  O estribilho da morte.

  São os donos do medo.
  Os donos do enredo.
  Os donos do degredo.
  Do brinquedo.
  Do arremedo
(sai).

COELHO (entra): Como vão, meus amiguinhos?
  Mas que dia mais bonito!
  Sabem por que estou aflito?
  Recebo hoje uns vizinhos

  Que eu resolvi convidar.
  Por isso vou à cidade
  E uma grande quantidade
  De comida vou comprar.

  Pão, azeite, ovos, vinho,
  Cenouras, alface, sal.
  Vou no Mercado Central
  Que lá é tudo fresquinho.

  E quando a noite chegar
  Vai ser grande a agitação.
  Pois ao som do violão
  Todo mundo vai dançar.

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 CONTA OUTRA VÓ 01. DONA MARIQUINHA QUI TU RANGO RANGO

dona mariquinha

 

        (ilustração de Ricardo Garanhani)

Era uma vez uma solteirona já meio velha, chamada dona Mariquinha. Ela era solteirona porque rejeitou todos os pretendentes que tinham aparecido. Quando resolveu se casar ninguém quis saber dela porque já estava ficando toda enrugadinha.

Naquele tempo as solteironas moravam com os pais. Bordavam, costuravam, ajudavam nos serviços da casa e cuidavam dos sobrinhos. Mas essa dona Mariquinha… não tinha pai! Não tinha mãe! Nem irmão! Até o padrinho já tinha morrido e da madrinha ela nunca se lembrou de nada.

Por isso ela vivia sozinha numa casinha bem distante, na roça. Mas ela tinha uma companhia! Ah! Era uma cachorrinha muito treteira, muito ladina, muito inteligente!

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GIL VICENTE 01.  AUTO DA VISITAÇÃO (MONÓLOGO DO VAQUEIRO) – (1502)

o vaqueiro

Resumo:

     O rei: D. Manuel. A rainha: D. Maria. A noite: 07 de junho de 1502.  O príncipe João, que será o rei João III de Portugal, nasceu ontem. Agora, com a corte reunida, Gil Vicente, vestido de vaqueiro, apresenta-se com o seu Auto da Visitação. Sua entrada já é teatral: levou, do lado de fora, umas porradas de uns criados mas conseguiu bater pelo menos num deles. Admira a câmara, dirige-se à rainha e elogia o príncipe e seus parentes. Anuncia que outros companheiros do povo trazem presentes simples e, baseado em sua experiência, eles também terão arrancados os seus cabelos.

GV001. Vaqueiro (fala)

Pardiez! siete arrepelones

Me pegaron á la entrada,

Mas yo dí una puñada

Á uno de los rascones.

Empero, si yo tal supiera,

No veniera,

Y si  veniera, no entrára,

Y si entrára, yo mirára

De manera,

Que ninguno no me diera.

Mas andar, lo hecho es hecho:

(fala: Jorge Teles)

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