Dante Alighieri – Vita Nova 01.
A ciascun’alma presa e gentil core… (sonetto)
Nota: O livro Vita Nova (Vida Nova) de Dante Alighieri (1265-1321) é considerado por muitos o primeiro romance italiano, ainda que não tenha a tradicional trama romanesca. Apresenta uma sequência de 31 poemas entremeados por comentários e explicações sobre cada poesia, enquanto o autor narra como conheceu Beatriz, ela com oito anos, ele com nove, até a morte dela. Na verdade, Dante só a viu duas vezes. Tanto ele como ela se casaram com outra pessoa. O amor de Dante é, portanto, absolutamente platônico, repete o idealismo dos poetas provençais, para quem a dama amada é uma figura inatingível. Dante pertencia a um grupo de poetas “modernos”, que criara o “dolce stil nuovo”, doce novo estilo, com o qual pretendiam um equilíbrio formal, sem excessos nem artifícios.
Ao final do livro Dante diz ter tido uma visão maravilhosa sobre a qual deve se calar. E acrescenta que levará o resto da vida preparando-se para falar de sua dama “o que jamais foi dito de nenhuma outra”. Com efeito, no seu prodigioso poema cósmico A Divina Comédia, Beatriz é quem o conduz na parte final do Purgatório e nas paisagens do Paraíso.
a. A Morte (retrato)
b.
A ciascun’alma presa e gentil core
nel cui cospetto ven lo dir presente,
in ciò che mi rescrivan suo parvente
salute in lor segnor, cioè Amore.
Già eran quasi che atterzate l’ore
del tempo che onne stella n’è lucente,
quando m’apparve Amor subitamente,
cui essenza membrar mi dà orrore.
Allegro mi sembrava Amor tenendo
meo core in mano, e ne le braccia avea
madonna involta in un drappo dormendo.
Poi la svegliava, e d’esto core ardendo
lei paventosa umilmente pascea:
appresso gir lo ne vedea piangendo.
(canta Kowalski)