Gil Vicente 04. AKTO PRI SANKTA MARTENO (1504)
Resumo:
Ni estas en la procesio dediĉata al “Corpus Christi”, la korpo de Kristo. Malriĉulo venas kaj petas monon por manĝo. Li alvokas la morton kaj petas por ke ĝi forgesu la junulinojn kaj la virgulinojn kaj kunportu lin mem. Sankta Marteno, surĉevale, alproksimiĝas kune kun tri paĝioj. La malriĉulo petas al li almozon. Ĉar la sanktulo ne havas monon ĉimomente, li prenas la glavon, dividas sian mantelon kaj donas duonon al la malriĉulo: “preĝu por mi, ĉar via animo estos ricevata en gloro”.
GV008. Malriĉulo (parolo)
Dejadme pasar por esta carrera, |
Lasu ke mi iru laŭ ĉi tiu vojo, serĉe de pano por ke ĝi subtenu mian malsanan korpon, ĝis kiam venos la morto, ĉar ĝin mi volas kiel kamaradon. Ho vi, giranta mondo, kien vi min kunportis? |
(parolas: Jorge Teles)
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Esperanto? Pra quê? (2) Correspondendo-se…
ESPERANTO? PRA QUÊ? (2) CORRESPONDENDO-SE…
(nota: Esta pequena série de textos foi feita para um “folder” com o objetivo de informar sobre o Esperanto, na ocasião em que fui presidente da Associação Paranaense de Esperanto (1988-1989). Eu achava que os textos de então eram muito sucintos. Minha intenção era divulgá-los entre pessoas mais interessadas no assunto. Observo que a parte escrita a partir da linha de asteriscos está sendo acrescentada agora.)
Um costume muito difundido antigamente e que está perdendo terreno nas relações humanas é o da correspondência. As causas são fartamente apontadas: viaja-se com mais frequência, o telefone contacta imediatamente, falta tempo para dedicar-se a esta tarefa de um aprofundamento suave e perene. Todavia, ainda que as distâncias se tenham encurtado, o planeta continua grande e caro para nós, terceiro-mundistas. A correspondência ainda é um meio de conversar com pessoas de outros países, acrescentar ao nosso humano aquele humano que nos é tão distante e ao mesmo tempo tão próximo.
Mas eis que se levantam as águas da incomunicabilidade.
Em que língua escrever? Na minha? Se for possível, excelente! Se não, eis-me diante de dicionários-labirintos, onde o Minotauro não devora mas transforma minhas emoções e meus conhecimentos em arremedos e confusão.
É fácil falar de coração a coração? Ou dissertar sobre filosofia? Ou discutir algum novo aspecto da ciência? Na minha língua, até que pode ser. Se meu/minha correspondente não alcança minha ilha, como resolver o problema? Como decidir qual de nós merece o domínio de campo? Que armas serão usadas nessa batalha amiga, a minha língua ou a de meu correspondente? Que critério escolher?
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Apesar de atualmente a internet ter acelerado e facilitado, de maneira inesperada e absoluta, a comunicação entre as pessoas, o problema da língua continua soberano, implacável, humilhante. A única diferença entre falar ou escrever numa língua que não dominamos é que na escrita temos mais tempo para correções e busca de palavras ou expressões. Quem está escrevendo na sua língua é sempre um concorrente mais forte. E toda pessoa que gosta de línguas e as estuda sabe das mil dificuldades para expressar algo mais complexo do que “minha cidade é bonita” ou “está chovendo bastante aqui”.
Quase todo estudante de Esperanto recebe, em suas primeiras aulas, listas de pessoas do mundo inteiro para iniciar uma correspondência. Elas aparecem nas principais revistas internacionais. Na maioria das vezes estas listas apresentam nomes de iniciantes no estudo, para que a correspondência entre os elementos se torne uma prática a mais, podendo haver, inclusive, correção dos textos em sala de aula.
Para aqueles que já alcançaram um domínio sobre a língua e conseguem escrever mensagens com fluência, a vantagem do Esperanto é a igualdade de posição entre os dois correspondentes. Vou citar exemplos.
Musiquei há anos uma peça teatral de Marjorie Boulton, a fabulosa escritora inglesa bilingue. Encaminhei a ela mensagem em Esperanto, solicitando autorização para fazer um cd doméstico para distribuição entre os amigos. Recebi a autorização, num simpaticíssimo cartão onde se via um gatinho. Não me custou suor nem lágrimas. Se eu tivesse que escrever na língua dela, a comunicação me dificultaria um bom tanto e certamente pesaria na balança o fato de eu saber que ela é doutora em literatura.
Mandei uma obra minha, bilingue, para os membros da Academia Internacional de Esperanto. Recebi, dentre outras mensagens, uma carta de um sueco, Christer Kiselman, acompanhada de dois artigos excelentes sobre as origens do Esperanto. Tivesse eu recebido este material em inglês, não o teria decifrado com tanta facilidade e tanto maior prazer.
Há alguns anos, lendo pela primeira vez na vida – que vergonha! – a História de Heródoto, traduzida do grego antigo para o Esperanto, por Spiros Sarafian, encontrei num capítulo sobre o Egito Antigo uma narração que deduzi ser a origem de um intrigante conto que ouvi da boca de minha avó materna, analfabeta. Mensagem pra lá, mensagem pra cá, recebi a autorização do autor para postar o capítulo no meu saite, para que os eventuais leitores possam comparar as versões com dois mil e quinhentos anos de intervalo.
Por que um brasileiro e um sueco ou um brasileiro e um grego deveriam se corresponder em inglês? Que condenação absurda e burra é esta?
O objetivo do Esperanto, que é a facilitação na comunicação entre falantes de línguas diferentes, é atingido com a maior eficácia, na correspondência entre as pessoas. A internet atualmente enriquece de possibilidades o nosso dia a dia. O Esperanto já é um dos idiomas mais veiculados pela internet.