apolo e jacinto, 18

apolo e jacinto, 18.

seus movimentos eram lentos. teófilo deitou-se de costas, não movia um dedo. entregou-se por inteiro. as mãos eram doces, aveludadas, pareciam algas macias que roçavam o peito de teófilo e o faziam arrepiar-se por inteiro. fechou os olhos. todos os botões foram abertos. alio puxou uma das mangas, segurou-o pela mão e tirou o lado direito. enfiou a mão debaixo das costas de teófilo, levantou-o e puxou o resto da camisa. o corpo de teófilo continuava imóvel. um respirar lento. lânguido. as mãos mexeram na fivela, apertaram aquela carne que queria liberdade, voltaram à fivela, abriram o cinto, enfiaram-se junto aos rins e começaram a descer a calça. o dragão saltou aflito, como se pretendesse levantar vôo, mas já se colou ao ventre rijo e cabeludo de teófilo. as coxas, os joelhos, as pernas, os pés. a roupa caiu. alio deitou-se, também de costas, e deram-se as mãos. teófilo virou-se e cobriu com seu corpo o corpo de alio. enfiando as mãos entre os dois, desabotoou-o, despiu-o lentamente, soltando todo o peso sobre alio. uma corrente levava o calor de um a outro, o sangue parecia o mesmo, escapava de um e entrava pelo outro, pelos poros, pela boca, pelas palmas das mãos, pelo peito, pelos mamilos que se roçavam, pela barriga que se comprimia, pelas coxas fortes, de ferro, que se imprensavam. os dragões lutavam, atrapalhados, apertavam-se, machucavam-se, uniam-se e se separavam desesperados, buscavam ansiosos e angustiados uma posição em que descansassem eternamente como num beijo ou num abraço, mas, inutilmente; acabavam por repelirem-se, repudiarem-se; rejeitavam-se, magoavam-se.
Continue lendo “apolo e jacinto, 18”
Visitas: 256

apolono kaj hiakinto, 17

apolono kaj hiacinto, 17.

kiam teofilo malfermis la okulojn, brila lumo blindas lin. la fenestro estis malfermita. ne plu pluvis. li serĉis alion. tiu sidas ĉe la tablo. li alproksimiĝis, volvita de la kovrilo.
vi eliris el la lito…
alio ridetis. mi ne estis dormema.
teofilo metis la manon ene de la litkovrilon, karesis la vilojn de la brusto de alio.
subite, la pluvo ĉesis.
ni povas promenadi ie ajn.
alio, ĉu vi scias?… neniam… tio okazis al mi.
ne, ne… mi ne sciis. mi ĉiam pensis… ke la sinjoroj…
ni ĉiuj estas gejaĉoj, ĉu ne?
mi ne volis diri tion, mi ne ŝatas ĉi vorton.
pardonon. mi ankaŭ ne ŝatas. estas nigra ŝafo, kiu eskapis.
ah! kaj alio ridetis.
kial vi ridetas?
vi parolis pri nigra ŝafo, kiam vi estis ebria.
teofilo ridetis. brakumis lin. kisis lin ĉe la frunto.
mi sentas strangan malĝojon… mi ne komprenas. fakte, mi estas tre ektimigita pro tio, kio okazis…
alio nenion diris.
miaj vestoj estas sekaj. mi petos la veston, kiun mi mendis por vi.
li vestis sin. mi iros malsupren kaj alportos vian veston. ni foriros por promeni ie. marŝante. mi duonmortas pro malsato. li malsupreniris.
alio volvis sin iomete pli. li ne sciis tion, kiu estas tiu sensaco, Eble ia averto de malproksime, mi ne scias tion, kio estas. li iris ĉe la fenestro kaj forgesis sin tie, perdita en la mezo de la helblua pejzaĝo. teofilo revenis.
vestu vin.
alio nudiĝis. kiam li suprenrigardis, li trovis la okulojn de teofilo. li mallevis la kapon.
kio okazas?
mi ne scias.
ĉu vi sentas sin ĝenata?
ne, ne… mi pensas… mi pensas ke jes. mi ne scias la kialon.
Continue lendo “apolono kaj hiakinto, 17”
Visitas: 219

apolo e jacinto, 17

apolo e jacinto, 17.

quando teófilo abriu os olhos, uma luz forte o cegava. a janela estava aberta. não chovia mais. procurou alio. estava sentado à mesa. aproximou-se, enrolado.
você saiu da cama…
alio sorriu. não estava com sono.
teófilo enfiou a mão dentro do cobertor, acariciou os pelos do peito de alio.
de repente, parou de chover.
podemos passear por aí.
alio, sabia que… nunca… tinha acontecido antes?
não, não… eu sempre pensei que… os senhores…
fossem todos uns veados, não é?
não quis dizer isto, não gosto dessa palavra.
desculpe. eu também não. é uma ovelha negra que escapuliu.
ah! sorriu.
o que foi?
você falou em ovelhas negras, quando estava bêbado.
teófilo sorriu. abraçou-o. beijou-o na testa.
estou sentindo uma estranha tristeza… não compreendo. na verdade, estou muito assustado com o que aconteceu…
alio nada falou.
minha roupa está seca. pedirei a roupa que dei pra arrumarem pra você.
vestiu-se. vou descer e trazer suas roupas. sairemos por aí. a pé. estou morto de fome. desceu.
alio se enrolou um pouco mais. não sabia que sensação era aquela, Algum aviso distante, não sei o que é. colocou-se à janela e se esqueceu, perdido no meio da paisagem clara e azul. teófilo voltou.
vista-se.
alio desnudou-se. ao levantar o olhar, deu com os olhos de teófilo. baixou a cabeça.
o que acontece?
não sei.
está chateado.
não, não… acho… acho que estou. não sei por quê.
Continue lendo “apolo e jacinto, 17”
Visitas: 228