A ditadura da imoralidade 06: ZOOLOGIA
– Bento que bento é o frade!
– Frade!
– Na boca do forno!
– Forno!
– Tirai um bolo!
– Bolo!
– Tudo que o banqueiro mandar?
– Fazeremos todos!
– E se não fizer?
– Não tem caixa dois pra campanha!
– Tudo que o empreiteiro mandar?
– Fazeremos todos!
– E se não fizer?
– Não tem obra pra superfaturar!
– Então…
Meu papagaio
foi-se embora pra Brasília,
abandonou a família,
foi morar na capital.
Mandaram logo
um cachorro delinqüente
“ensiná” a língua da gente
do Distrito Federal.
Corrupi-paco, papaco,
corrupi-paco, partido,
corrupi-paco, corrupi-
corrupção.
Congressistas atrevidos,
com partidos repartidos
e conchavos escondidos.
Traição!
Daí a pouco
apareceu a cabrita
pra fazer uma visita,
se dizendo liberal.
O papagaio
soube todas as intrigas
e ouviu “falá” das formigas
que infestam o local.
Corrupi-paco, papaco,
corrupi-paco, partido,
corrupi-paco, corrupi-
corrupção.
Congressistas tão polidos,
nova troca de partidos.
Eis lobistas bem vestidos.
Traição!
Os peçonhentos,
se chamando de Excelências,
vão fazendo as exigências
do processo eleitoral.
O papagaio
que até então era mudo,
disse que, aquilo tudo,
só no reino animal.
Corrupi-paco, papaco,
corrupi-paco, partido,
corrupi-paco, corrupi-
corrupção.
Congressistas carcomidos,
com partidos convertidos,
mensalões descomedidos.
Traição!
Curitiba, outubro.1977
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