Monteiro Lobato

Fábulas

Fábulas 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 21

 

15 – A assembleia dos ratos

         Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria de uma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.

         Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos à Lua.

         – Acho – disse um deles – que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.

         Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:

         – Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino? Continue lendo “Monteiro Lobato”

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Fábulas

Fábulas 8, 9, 10, 11, 12,13 e 14

 

08 – O velho, o menino e a mulinha

         O velho chamou o filho e disse:

         – Vá ao pasto, pegue a mulinha e apronte-se para irmos à cidade, que quero vendê-la.

         O menino foi e trouxe a mula. Passou-lhe a raspadeira, escovou-a e partiram os dois a pé, puxando-a pelo cabresto. Queriam que ela chegasse descansada para melhor impressionar os compradores.

         De repente:

         – Esta é boa! – exclamou um viajante ao avistá-los. – O animal vazio e o pobre velho a pé! Que despropósito! Será promessa, penitência ou caduquice?…

         E lá se foi, a rir. Continue lendo “Monteiro Lobato”

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Monteiro Lobato

Fábulas

Fábulas 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

 01 – A formiga boa

          Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé de um formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.

         Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.

         A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.

         Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique…

         Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.

         – Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.

         – Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu…

         A formiga olhou-a de alto a baixo. – E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa? Continue lendo “Monteiro Lobato”

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