Monteiro Lobato

O Poço do Visconde

 Capítulos 17 e 18 (último)

 

17 – A grande festa

         Meses depois, na cidade do Tucano Amarelo, só se falava duma coisa: o Poço Quindim n.° 1 que a Companhia Donabentense acabava de abrir no velho sítio de Nhá Veva, vendido a Dona Benta por 50 mil cruzeiros. Que poço magnífico! Aos 800 metros os perfuradores atingiram o horizonte petrolífero comum a toda a zona; mas, por sugestão do Visconde, Mister Kalamazoo não fez caso e tocou para diante.

         – Estou desconfiado que abaixo desse horizonte existe outro muito mais importante, dissera ele – e Dona Benta deu ordem ao americano para seguir a idéia do sabuguinho. E o fato foi que a 1.200 metros a perfuração deu num acúmulo de petróleo muitíssimo mais potente. O poço jorrou com 10 mil barris e foi minguando até estabilizar-se numa produção de 7 mil barris por dia. Continue lendo “Monteiro Lobato”

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O Poço do Visconde

 Capítulos 15 e 16

 

15 – A dinheirama

         Enquanto não se construíam a refinaria e a canalização, era preciso fazer qualquer coisa do petróleo – e o remédio foi vendê-lo em estado bruto às pequenas refinarias já existentes no País. Eram refinarias montadas para extrair gasolina e querosene do óleo bruto importado do estrangeiro. Assim que elas souberam que havia petróleo no sítio de Dona Benta, mandaram para lá seus representantes fazer propostas.

         Quem discutiu com eles foi Narizinho, recentemente nomeada Diretora Comercial da Companhia. Dona Benta era a Diretora Geral. O Visconde, o Consultor Técnico. Emília, a Diretora dos Transportes e Quindim, o Encarregado Geral da Defesa.

         Narizinho recebeu os homens e discutiu muito bem a questão do preço, não pedindo nem de mais nem de menos.

         – Vou fazer um precinho de amigo – disse ela. – Dez centavos o litro. Serve? Continue lendo “Monteiro Lobato”

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O Poço do Visconde

 Capítulos 13 e 14

 

13 – Grandes mudanças na vila

          Com o aparecimento do petróleo, a conversa nos serões de Dona Benta tornou-se exclusivamente petrolífera. Quem falava era sempre o Visconde, sabidinho como ele só. No dia imediato ao banho do jornalista, sua dissertação foi sobre o modo de refinar o petróleo bruto.

         – Porque o petróleo bruto – disse ele – só serve para queimar. Mas se o refinarmos, obteremos uma porção de produtos de muito valor, como a benzina, a gasolina, o querosene, o supergás, o óleo combustível, o óleo lubrificante, as parafinas, as vaselinas, o asfalto, o coque de petróleo e mais numerosos produtos de menor importância. Os petróleos brutos variam muito. Uns são bastante ricos em produtos voláteis; outros não dão produtos voláteis; outros só dão produtos voláteis, como o de Montechino, na Itália, que rende 95 por cento de gasolina e querosene.

         – Noventa e cinco por cento? – admirou-se Pedrinho. – Então é quase todo ele gasolina e querosene… Continue lendo “Monteiro Lobato”

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