Monteiro Lobato

As aventuras de Hans Staden

 

 Capítulos 17 e 18

17 – O carijó doente

         Havia na taba um prisioneiro carijó que houvera sido escravo dos portugueses e fora apanhado pelos tupinambás numa das expedições contra São Vicente. Esse carijó detestava Hans Staden e vivia dizendo que fora ele quem matara o pai de Nhaepepô com um tiro.

         Era falso. O carijó estava ali na taba já de três anos e Hans só tinha um ano de estada no Brasil: não podia o índio, portanto, tê-lo conhecido na Bertioga, como afirmava.

         Um dia, em que esse escravo caiu muito doente, Ipiru-guaçu, seu dono, chamou Hans para curá-lo.

         Hans examinou-o e disse:

         – Está doente e vai morrer porque me quis fazer mal. Não tem cura. Continue lendo “Monteiro Lobato”

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As aventuras de Hans Staden

 Capítulos 15 e 16

 

15 – Cenas de canibalismo

         Algum tempo depois os índios de Ubatuba foram convidados para uma festa na taba de Ticoaripe na qual iam comer um prisioneiro maracajá.

         Os convidados partiram em canoas, levando Hans consigo.

         Em todas as cabanas as mulheres estavam ultimando o preparo do cauim, bebida indispensável em tais festas.

         Hans aproximou-se do prisioneiro maracajá e perguntou-lhe:

         – Estás pronto para morrer?

         O índio olhou-o com indiferença e respondeu, muito calmo, a sorrir:

         – Sim, estou pronto para tudo. Mas nós maracajás possuímos melhores muçuranas…

         – Que é isso, vovó? – perguntou Narizinho.

         – Eram umas cordas que os índios preparavam especialmente para amarrar os prisioneiros no dia do sacrifício. Aquele maracajá sorria diante da morte e caçoava dos seus inimigos… Hans Staden sentiu uma grande dó do infeliz. Afastou-se e pôs-se a ler um livro de capa de couro, que os índios haviam trazido de um barco apanhado com auxílio dos franceses. Continue lendo “Monteiro Lobato”

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As aventuras de Hans Staden

 Capítulos 13 e 14

 

13 – Esperanças

         Logo depois da partida de Nhaepepô chegou de São Vicente um navio português, que deitou âncora perto da taba e disparou um tiro de canhão. Era o sinal do costume para que os índios das redondezas viessem ter com os navios.

         Ao ouvirem o tiro os índios disseram ao prisioneiro:

         – Aí vêm teus amigos portugueses; querem saber se vives e se queremos dar-te em troca de alguma coisa.

         A notícia encheu-o de esperança. Mas ser procurado por navio português era dar provas de ser português e Hans inventou logo uma história destinada a atrapalhar os índios. Disse-lhes que tinha entre os portugueses um irmão francês e com certeza era esse irmão quem vinha procurá-lo.

         Os índios porém não deram crédito à história. Aproximaram-se do navio a ponto de fala e perguntaram o que queriam.

         Os portugueses indagaram de como ia passando Hans. Os selvagens responderam que não sabiam de quem se tratava. Continue lendo “Monteiro Lobato”

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