apolo e jacinto, 21.
alio estava desconcertado. por que hans o olhara daquele modo? a mulher permaneceu silenciosa. queria perguntar a ela algo que se relacionasse com a morte do menino, não tinha coragem. apanhou as bolsas de couro e ia subindo.
foi a ferida do punhal?
sim. inchou a mão, deu febre muito alta. delirou toda a noite e morreu dois dias atrás.
vou lá em cima com ele. ele pretendia ensinar estes textos a luis. por isso, levou o susto.
subiu lentamente. como enfrentá-lo? um leão machucado? enfurecido? um pássaro agonizando em silêncio? seu próprio coração estava pesado. não sabia o que ia acontecer no castelo, estando luis por perto. ele sabia que teófilo não se afastaria do menino, mas acreditava também que ele o procuraria. seria uma fonte para matar sedes momentâneas, nunca uma cascata para cantarolar interminavelmente o mesmo poema. sonoro, espumante, perigoso. e agora? Sem luis, eu reino sozinho, mas sei que o trono está destruído.
alio não queria acreditar que seu coração dançava a dança sem ritmo, de uma alegria camuflada. seria covardia declarar a alegria, expô-la. era dessas alegrias que florescem nas sombras, rodeada por espíritos malévolos e atentos. Luis poderia ter viajado!, em vez de morrer! Eu preferiria. Bastava ter viajado!
a ausência abria a porta de um cômodo vazio. A morte de luis me encarcerou, não sei o que será disto tudo.
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