canção 11. as mui amigas multinacionais

A ditadura da imoralidade 04: AS MUI AMIGAS MULTINACIONAIS.

Não mais me contenho, dizer-lhes eu venho
Como uso com empenho o dinheiro que tenho:
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
-exaco, Oli-etti, Esso—ell, Atlan-ic,
Que chique, que chique, estou podre de chique.
 
Troquei a mobília, vesti a família,
Passeei em Brasília, casei minha filha.
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
-olkswagen, -ord, -norr, Ishikawa-ima,
Por cima, por cima, estou sempre por cima.
 
O carro também, (o do ano que vem),
Quando a gente tem, se sente tão bem…
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
-erox, Ya-aha, -argill, -ocacola,
A sacola, a sacola, é encher a sacola.
 
A loura platina, importados da China,
Jasmim na latrina, esvaziar a vitrina.
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
–evrolet, -irelli, -odak, I-T,
Pra você, pra você, só pensando em você.
 
Tristeza embrulhada, alegria ensacada,
Arte empacotada, vida engarrafada.
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
A Anderson –ayton, -ood Year, King Size,
E nada de entrada, em prestações mensais.
 
(canta jorge telees)
Curitiba, setembro.1976.
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canção 10. retrato três por quatro

A ditadura da burrice 05: RETRATO TRÊS POR QUATRO.

 

 

(triolé encadeado)

 

Você é muito bonzinho

sua bondade me espanta.

Bota pedras no caminho,

você é muito bonzinho.

Não deixa o vilão sozinho,

se ele cai, você o levanta.    

Você é muito bonzinho,

sua bondade me espanta.

 

Bota pedras no caminho

e institui a casa escura.

Mói a todos no moinho,

bota pedras no caminho.

Mata a flor mas deixa o espinho

faz florescer a incultura.

Bota pedras no caminho

e institui a casa escura.

 

 Mói a todos no moinho, 

faz da pátria o seu bordel.

Novas leis no pergaminho,

mói a todos no moinho.

Fere a ave, queima o ninho 

e liberta a cascavel.

Mói a todos no moinho,

faz da pátria o seu bordel.

 

Novas leis no pergaminho,

com congresso ou sem congresso.

Silencia o burburinho,

novas leis no pergaminho.

Doa a estopa e veste o linho,

forja na tela o progresso.

Novas leis no pergaminho,

com congresso ou sem congresso.

 

Silencia o burburinho

nos porões da inquisição.

Dá trator, mas vende ancinho,

silencia o burburinho.

Emprega o tio, o sobrinho

e empresta só ao ladrão.

Silencia o burburinho

nos porões da inquisição.

 

Dá trator, mas vende ancinho

e planta as garras da morte.

Fala aos do norte em carinho,

dá trator mas vende ancinho.

Dá o latifúndio ao padrinho,

pisa o fraco, eleva o forte.

Dá trator mas vende ancinho

e planta as garras da morte.

 

Fala aos do norte em carinho

mas emudece a imprensa.

Faz aperto ao colarinho,

fala aos do norte em carinho.

Adia o riso e o vinho,

semeia a convalescença.

Fala aos do norte em carinho

mas emudece a imprensa.

 

Faz aperto ao colarinho

e degola a liberdade.

Você é muito bonzinho,

faz aperto ao colarinho.

Gera o morcego daninho

Ratifica a orfandade.

Faz aperto ao colarinho

e degola a liberdade.

 

(canta jorge teles)

Curitiba, agosto, 1976.

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canção 09. canção para ninar toda a gente

Canções Diversas 13: CANÇÃO PARA NINAR TODA A GENTE

Dorme, dorme, mãe,
dorme no meu braço.
Dorme, que eu velo
Pelo teu cansaço.

Dorme, dorme, pai,
dorme em minha mão.
Dorme, que eu vigio
a tua aflição.

Dorme, dorme, amigo,
dorme em meu calor.
Dorme, que eu mitigo,
um pouco, tua dor.

Dorme, companheira,
em minha constância.
Dorme, que eu corrijo
a nossa distância.

Dorme, dorme, filho,
no meu coração.
Dorme, que eu te quero,
mais que filho, irmão.

Dorme, dorme, ausente,
em qualquer cidade.
Dorme, que eu te acordo,
com minha saudade.

Dorme, canto meu,
no meu abandono.
Dorme e me carrega
dentro do teu sono.

(canta jorge teles)

Curitiba, 09.06.1982

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