CONTA OUTRA VÓ 11. O LADRÃO LADINO (terceira parte)

o ladrão ladino 3

desenho de Ricardo Garanhani.

    Bom.

    Durante algum tempo o moço não quis roubar o castelo. Tinha dinheiro pra viver e não precisava se arriscar. Aconteceu então que o dinheiro foi sumindo e um dia acabou.

    Vai daí que ele resolveu ir no castelo, por aquela passagem que só ele conhecia. Chegou escondido até a sala do tesouro pra dar uma olhadela. Estava tudo que nem antes. A mesma roda de facas rodando, a mesma engrenagem. Ele tinha levado outro ferrinho, parou a roda, entrou, roubou quanto quis, saiu, fez a roda rodar.

    Mas o rei descobriu que tinha sido roubado. Depois que tinha encontrado aqueles pedaços de ladrão na roda, que eram o pai do nosso ladrão, mandava um criado contar o dinheiro todas as manhãs. E nessa manhã o rei descobriu.

    Resolveu então lançar um pregão e tentar apanhar o ladrão. Espalhou pela cidade que no quarto da princesa estava uma toalha de linho muito linda, que a própria filha tinha bordado. O ladrão que fosse capaz de roubar aquela toalha era merecedor da metade do reino e ia ganhar a mão da princesa.

    O ladrão, que já estava cansado de roubar, resolveu então roubar aquela toalha e ficar rico e virar príncipe.

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CONTA OUTRA VÓ 10. O LADRÃO LADINO (segunda parte)

o ladrão ladino (segunda parte)

desenho de Ricardo Garanhani 

Um dia, o nosso ladrão descobriu que o dinheiro já estava no fim. Resolveu fazer algum roubo, de modo que não passassem necessidade. Resolveu roubar o castelo do rei. Foi no castelo e disse que queria ser guarda do rei. O capitão, vendo aquele moço forte e bonito, resolveu aceitá-lo e dali a algum tempo, ele estava servindo na sala do tesouro. Ora, no lugar da porta de ferro, tinham feito uma armadilha, uma espécie de moinho com pás de metal afiado, afiado que nem faca, e quem quisesse entrar por aquela porta seria cortado em pedaços. Daí, o ladrão estudou bem aquela engrenagem e não quis mais servir no castelo.

Aí ele entrou de noite no castelo e foi até a sala do tesouro. Pegou um ferrinho e enfiou num buraco que tinha descoberto e a roda parou. Entrou na sala com muito cuidado, sem esbarrar nas pás afiadas porque ele sabia que se elas se mexessem um pouquinho, haveria de quebrar o ferrinho e ele seria cortado em pedaços. Roubou algum ouro e, depois de sair, retirou o ferrinho. As pás voltaram a rodar.

Levou o dinheiro pra casa e era tanto ouro no castelo que ninguém deu pela falta.

E assim foi, durante muito tempo. Ele ia, parava a roda, entrava e roubava e tudo ficava tal e qual, indo pra casa.

Aconteceu que certa vez o pai quis roubar com ele. Ele disse que não porque era muito perigoso. O pai tanto teimou e tanto insistiu que ele resolveu levar.

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canção 24. pequena ode…

A ditadura da burrice 12: PEQUENA ODE AOS DONOS DO PODER

Nota: Com estes versinhos, termino a categoria Canções do Protesto Inútil, letras de canções feitas entre 1973 e 1983. Descartei algumas, por excesso de pieguice.

Um
dois
três

vermes
gatos
burros

gorilas
raposas
lombrigas

jararacas
percevejos
pernilongos

rinocerontes
jaguatiricas
suçuaranas

marimbondos
gafanhotos
dinossauros

morcegos
serpentes
hienas

tigres
lobos
porcos

três
dois
um.

(que me perdoem os bichinhos!)

Curitiba, outubro.1978

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