Resumo:
É a procissão de Corpus Christi. Um pobre está a pedir dinheiro para comer. Invoca a morte, pedindo que ela deixe em paz as meninas, as donzelas, e leve a ele. São Martinho, a cavalo, se aproxima com três pagens. O pobre lhe pede esmola. Como o santo não tem dinheiro, divide sua capa com a espada e dá ao pobre uma metade: “roga por mim, pois tua alma será recebida em glória”.
GV008. Pobre (fala)
Dejadme pasar por esta carrera,
Ire á buscar un pan que sostenga
Mi cuerpo doliente, hasta que venga
La muerte que quiero por mi compañera.
Ó mundo que ruedas, á qué me has traido!
(fala: Jorge Teles)
Comentário:
Em síntese, esta peça mostra uma tradição centenária do cristianismo: a de que a pobreza e o sofrimento têm como galardão o paraíso. E a caridade para com os pobres santifica. É uma cena curta, feita para ser inserida em um trecho da procissão. O autor comenta ao final que o pedido para a criação da obra veio muito tarde. Mas a fala do pobre, em decassílabos, é tremendamente dramática.