as mui amigas multinacionais

A ditadura da imoralidade 04: AS MUI AMIGAS MULTINACIONAIS.

Não mais me contenho, dizer-lhes eu venho
Como uso com empenho o dinheiro que tenho:
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
-exaco, Oli-etti, Esso—ell, Atlan-ic,
Que chique, que chique, estou podre de chique.

Troquei a mobília, vesti a família,
Passeei em Brasília, casei minha filha.
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
-olkswagen, -ord, -norr, Ishikawa-ima,
Por cima, por cima, estou sempre por cima.

O carro também, (o do ano que vem),
Quando a gente tem, se sente tão bem…
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
-erox, Ya-aha, -argill, -ocacola,
A sacola, a sacola, é encher a sacola.

A loura platina, importados da China,
Jasmim na latrina, esvaziar a vitrina.
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
–evrolet, -irelli, -odak, I-T,
Pra você, pra você, só pensando em você.

Tristeza embrulhada, alegria ensacada,
Arte empacotada, vida engarrafada.
Comprar, comprar, comprar, comprar,
Comprar, comprar, comprar, comprar…
A Anderson –ayton, -ood Year, King Size,
E nada de entrada, em prestações mensais.

Curitiba, setembro.1976.
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canção 24. pequena ode…

A ditadura da burrice 12: PEQUENA ODE AOS DONOS DO PODER

Nota: Com estes versinhos, termino a categoria Canções do Protesto Inútil, letras de canções feitas entre 1973 e 1983. Descartei algumas, por excesso de pieguice.

Um
dois
três

vermes
gatos
burros

gorilas
raposas
lombrigas

jararacas
percevejos
pernilongos

rinocerontes
jaguatiricas
suçuaranas

marimbondos
gafanhotos
dinossauros

morcegos
serpentes
hienas

tigres
lobos
porcos

três
dois
um.

(que me perdoem os bichinhos!)

Curitiba, outubro.1978

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canção 23. coro das criancinhas…

Canções Diversas 07: CORO DAS CRIANCINHAS DO GUIA (*).

(Ele)
Um pouco reumático,
Às vezes, asmático,
Com problema hepático,
Mas sempre simpático.

Ando fatigado,
Não tenho audição.
Mas a minha alma se agita.
Bem descompassado
O meu coração.
Mas ele ainda palpita.

(Ela)
Me chamam lunática,
Sou só sistemática.
Meio sorumbática,
Mas sempre simpática.

Com o corpo cansado,
Já me treme a mão.
Mas a minha alma se agita.
Vai debilitado
O meu coração.
Mas ele ainda palpita.

(Um outro)
Vigor problemático,
Às vezes apático.
Um tanto homeopático.
Mas sempre simpático.

Todo enferrujado,
Com pouca visão.
Mas a minha alma se agita.
Tenho safenado
O meu coração.
Mas ele ainda palpita.

(Uma outra)
Sou melodramática
E nada pragmática.
Talvez problemática,
Mas sempre simpática.

Sempre com cuidado
Com a alta pressão.
Mas a minha alma se agita.
Quase aposentado
O meu coração.
Mas ele ainda palpita.

(Todos)
Bem policromáticos,
E muito aromáticos,
Nunca dogmáticos,
Nós somos simpáticos.

Nosso requebrado
Tem muita emoção,
Pois nossa alma se agita.
Gritamos num brado:
Viva o coração!
Pois ele ainda palpita.

* GUIA: Grupo União de Irbiários Aposentados: Associação dos, como eu, aposentados do IRB-Brasil Re. A canção foi feita para uma peça infantil, em 1985. Fiz atualizações.

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