COMÉRCIO INTERNACIONAL DE ARMAS
Comentários sobre o livro Journal intime d’un marchand de canons, de Philippe Vasset.
Journal intime d’un marchand de canons, que poderia ser traduzido como Diário íntimo de um vendedor de canhões é uma ficção de Philippe Vasset. O autor é jornalista. E já no Prefácio, adverte: “…por trás dessas histórias, se agita uma realidade globalizada, sobre a qual nada se sabe, ou quase nada. Apesar de ser ficção, todos os episódios aconteceram, os nomes e as datas são verídicos.” O autor também anuncia a intenção de publicar outros dois livros com os títulos (vou traduzir): Diário íntimo de um provocador de fomes e Diário íntimo de um manipulador.
Ao descrever uma série de ações para proteger segredos, o narrador cria um clima de romance de espionagem; exemplos: como catalogar nomes e endereços de clientes através de códigos, como destruir senhas de celulares comprados em países estrangeiros, como queimar papéis velhos sem chamar a atenção de vizinhos, papéis que contêm cadastros com dados de generais, almirantes, políticos, que servem de intermediários entre o vendedor e os responsáveis pelas compras (geralmente, também políticos e militares), papéis que contêm textos sobre as armas dos concorrentes… Isto porque os vendedores de armas (alguns, oficiais, outros, contrabantistas) correm riscos diante da espionagem industrial, da polícia dos serviços de inteligência de diversos países e dos jornalistas.
Como clientes, é um vale-tudo inescrupuloso, sem bandeira, sem religião, e, principalmente, sem ideologia: a Etiópia quando comunista, a Sérvia em guerra, o mundo islâmico, Saddan Hussein, Hugo Chavez… E haja corrupção: Os militares que dão o parecer sobre as compras recebem suas quotas como “presentes”. Às vezes, o próprio governo do país vendedor faz as doações, oficialmente. Ao longo do livro, percebe-se que o vendedor de armas não passa de um camelô. São os ministérios de defesa dos países vendedores que operam e resolvem tudo.
Vejamos dois casos citados com minúcia:
Continue lendo “comércio internacional de armas”