o retábulo das maravilhas – cervantes

reportagem

O RETÁBULO DAS MARAVILHAS, de Miguel de Cervantes
                                reportagem
 
    Esta tradução adaptada foi feita especialmente para a turma da oitava série da Escola Raphael Hardy, no ano de 1974, tendo sido apresentada no palco da Biblioteca Municipal, a 31 de outubro de 1974, e no palco do Centro de Criatividade de Curitiba a 10 de novembro do mesmo ano.

    Esta postagem apresenta três partes:

    na primeira, o texto da peça;

    na segunda, entrevista feita pelo jornal O Estado do Paraná, publicada em 17 de novembro de 1974, página 27, incluindo, na parte final, os comentários feitos pelos alunos que participaram;

    na terceira, como curiosidade, cópia do selo da Censura Federal de Brasília e de trecho do texto cortado pela mesma, com uma pequena nota explicativa de como era a via-crucis da cultura brasileira durante a ditadura militar, que atingia, inclusive, atividades curriculares.

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Primeira parte: O Retábulo das Maravilhas (Entremés del Retablo de las Maravillas)

Personagens: ZÉ PIMENTA, MARIA ANGU, NANICO, PREFEITO, VICE-PREFEITO, DELEGADO, ESCRIVÃO, PANCRÁCIO REPOLHO, JOANA CASTRADA, SOLDADO.

ZÉ PIMENTA: Não se esqueça do que combinamos, Maria Angu. Tudo tem que dar certo.
MARIA ANGU: Sempre trabalho do mesmo jeito: muita memória, muita cuca. Mas me diga uma coisa, Zé Pimenta: pra que serve esse tal de Nanico que você contratou? Nós dois juntos não damos conta do recado?
ZÉ PIMENTA: Precisamos dele pra tocar música nos intervalos entre uma e outra figura.
MARIA ANGU: Maravilha será se não nos jogarem tomate e ovo podre por causa dele. Nunca vi um sujeito tão desajeitado. (entra Nanico)
NANICO: Vamos representar nesta cidade?, senhor. Estou louco para mostrar pros senhores que não me tomaram apenas como carga.
ZÉ PIMENTA: Quatro de você não dão nem um terço, quanto mais uma carga inteira.
MARIA ANGU: Se você for tão músico quanto é grande, estamos fritos.
NANICO: Acho que me darão um papel pequeno porque sou miúdo.
ZÉ PIMENTA: O tamanho do papel será de acordo com o seu tamanho. Será invisível.
MARIA ANGU: Parece que chegamos no vilarejo. E estes que vêm ao nosso encontro devem ser o prefeito e seus ajudantes. Vamos cumprimentá-los com adulação, mas não muita. (entram o Prefeito, o Vice, o Delegado e o Escrivão).
ZÉ PIMENTA: Beijo as mãos de Vossas Senhorias. Quem dos digníssimos é o Senhor Prefeito?
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GIL VICENTE 22. COMÉDIA DE RUBENA (1521)

feiticeira

Resumo:

Cena primeira: Um prólogo, como no teatro latino, anuncia a narrativa. Rubena foi engravidada por um jóvem clérigo. Ela apresenta um triste monólogo sobre a sua situação (“mais dói o arrependimento que a dor do parto”). Sua criada traz uma parteira que nos brinda com sortilégios facilitadores do parto (“Dizei tres vezes passinho: o verbo caro fato he: dou-vos a San Sadorninho…” A parteira faz vir uma Feiticeira para que cuide dela, escondendo assim o parto do pai de Rubena. Diabos, a mando da Feiticeira, levam Rubena à montanha. Ali ela dá à luz uma menininha, Cismena.

Cena segunda: A Feiticeira e os Diabos cuidam da menina. Duas fadas devem zelar por ela. A seguir vê-se a pequena Cismena com pastorezinhos. As fadas predizem uma boa fortuna para a menina.

Cena terceira: Já jovem, as Fadas encaminham Cismena a Creta. É adotada por uma nobre que morre e lhe deixa a fortuna. Cismena é cortejada por muitos mas acaba se casando com o príncipe da Síria.

GV060. Benita

Tiempo era caballero,
Que se me acorta el vestir.

(canta Carmen Ziege)

GV061. Feiticeira

Ru ru, menina, ru, ru,
Mourão as velhas e fiques tu
C’o a tranca no cu.

(canta Jorge Teles)

GV062. Ama

Llevantéme un dia
Lunes de mañana.

(canta Kátia Santos)

GV063. Feiticeira

De las mas lindas que yo vi.

(canta Jorge Teles)

GV064. Cismena

Grandes bandos andão na côrte,
Traga-me Deos o meu bonamore.

(canta Carmen Ziege)

GV065. Lavrandeiras

Halcon que se atreve
Con garza guerrera
Peligros espera.

Halcon que se vuela
Con garza á porfía,
Cazar la queria
Y no la recela:
Mas quien no se vela
De garza guerrera
Peligros espera.

La caza de amor
Es de altanaría;
Trabajos de dia,
De noche dolor:
Halcon cazador
Con garza tan fiera
Peligros espera.

(cantam Carmen Ziege e Kátia Santos)

GV066. Dario

D’amores jaço,
Quando as torço d’amores dormo.

(canta Geovani Dallagrana)

GV067. Dario

Consuelo véte con Dios;
Pues ves la vida que sigo,
No pierdas tiempo conmigo.
Consuelo mal empleado,
No consueles mi tristura;
Véte á quien tiene ventura,
Y deja el desventurado.
No quiero ser consolado,
Antes me pesa contigo:
No pierdas tiempo conmigo.

(canta Geovani Dallagrana)

GV68. Lavrandeiras

Bien quiere el viejo,
Ay madre mia,
Bien quiere el viejo
A la niña.

(canta Kátia Santos)

 

Comentário:

Uma comédia bem cuidada, cheia de referências ao cancioneiro popular. Mas não mantém uma unidade, é fragmentada. Pela primeira vez em seu teatro, Gil Vicente apresenta um prólogo e divide a narrativa em cenas, como já era costume no teatro espanhol. Em algumas peças futuras, o prólogo aparecerá outras vezes, mas não mais se verá a divisão em cenas, mesmo em peças com mais de um cenário.

Na primeira cena e em parte da segunda, a atuação entre os diabos, a feiticeira e as duas fadas dá uma nota cômica e fantástica à tragédia da moça engravidada pelo clérigo irresponsável. Ao final da segunda cena surge um clima do que poderíamos chamar de pastoral infantil. Só a terceira cena apresenta-se como comédia romântica, na verdade um drama romântico, com todos aqueles ingredientes emocionais característicos, como a disputa dos pretendentes, o enamorado que morre por amor e o Príncipe disfarçado por amor. Este mantém, em quadrinhas, um longo e lírico diálogo com o eco.

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RAKONTU ALIAN ANJO 12. LA RUZA ŜTELISTO (kvara parto – origino) Historio de Herodoto

 

Noto: Kiel mi jam diris en la komenca observo pri ĉi tiu rakonto, ĝia lasta parto ĉiam cerbumigis min ĉar mi neniam trovis alian varianton en iu ajn libro. Finfine, antaŭ du jaroj, mi trovis la rakonton kiu, tute certe, estas ĝia origino. Tio estas la ĉapitro 121a de la dua libro de la Historio de Herodoto (ĉ480-425aK).
Oni povas pripensi du aspektojn pri tiu kurioza origino. Unue, pri la similaĵoj kaj malsimilaĵoj inter egipta rakonto, kolektita de greko plimalpli du mil kvarcent jarojn antaŭe, kaj la rakonto ofte ripetita de analfabeta virino en la landinterno de Brazilo. Probable, mia avino nenian gravaĵon aldonis al la rakonto de ŝi konata. Tiel, oni povas aserti ke la trezorejo kaj la kaptilojn, la dispecigita korpo, la gardado fare de la soldatoj, la reĝo kaj sia filino, tio venis el antikvaj tempoj. En la varianto de mia avino, anstataŭ frato aperas la patro. Anstataŭ azenetoj, la fetoregaj virkaproj. Kaj jen stranga enmeto de nigra sorĉistino, memoraĵo de la periodo kiam ekzistis sklavoj. Rilate la princinon, certe la kristanismo faris la necesan etikan ŝanĝon: ne plu bordelo sed brodita lintuko.
La dua aspekto estas imagi la malrapida marŝado de la rakonto ĝis niaj tagoj. Oni eĉ rajtas diri ke la okazintaj ŝanĝoj ene de tiuj du mil jaroj estas nekonsiderindaj. El Egiptio al Grekio, el tie al la okcidenta Europo kaj, pere de la portugaloj, al la brazila landinterno. Probable, tre ofte la rakonto vojaĝis de buŝo al orelo kaj ne pere de skribaĵo.
Mi ankoraŭ volas mencii ke la kutimo ordoni al soldatoj la gardadon de kadavroj de kondamnitoj al morto tre ofte aperas en la okcidenta literaturo. La plej konata estas en Satirikono, de Petronio (?-66), La matrono de Efezo. Estas unu el la plej ĉarmaj momentoj de filmo de Federico Fellini (1920-1993).

La suba teksto apartenas al Historio, de Herodoto, en traduko de Spiros Sarafian, eldonita en 2006, Eldonejo “Silloges” – Argiris Vurnas, Ateno, Grekio. La kopirajtoj apartenas al la tradukinto, kiu skribe rajtigis min prezenti ĉi-tiun ĉapitron.

 

121. Proteon postsekvis en la reĝeco, kiel oni diris, Rampsinito (1), kiu lasis kiel monumentojn la propileon de la sanktejo de Hefesto, kiu rigardas okcidenten.
Vidalvide al la propileo li starigis du statuojn, kiuj havas alton de dudek kvin ulnoj.
El tiuj statuoj, tiun, kiu estas starigita norden, la Egiptoj nomas Somero kaj la alian, kiu estas lokita suden, ili nomas Vintro.
Tiun kiu estas nomata Somero, la Egiptoj adoras kaj honoras, sed pri la alia, nomata Vintro, ili faras la kontraŭon.
Oni diris al mi, ke tiu reĝo havis tiom multajn riĉaĵoj (2), en mono, ke neniu el la pli postaj reĝoj sukcesis lin superi laŭ tio.
Ĉar, do, tiu reĝo volis sekurigi siajn trezorojn, oni diris, ke li ordonis, ke oni konstruu ŝtonan konstruaĵon.
Unu el la flankoj de tiu konstruaĵo konsistigis parton de la ekstera ĉirkaŭmuro de la palaco.
Tamen, la homo, kiu respondecis pri la konstruado de la salono pensis jenon:
Li aranĝis la konstruplanon tiel, ke unu el la ŝtonoj povis facile esti deprenata el la muro, de du aŭ de unu sola persono.
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