A ditadura da burrice 11: CANÇÃO EM URA, COM AUTOCENSURA
Venha, menino, entre na casa escura.
Não tenha medo, tudo aqui é brandura.
Você caiu nas malhas da urdidura,
mas não te levaremos à sepultura.
Sendo compreensivo, não há agrura.
Não se deixe tomar pela desventura.
Nós só queremos tua verdade pura.
Fale tudo o que sabe e ganhe a soltura.
Tudo o que for dito, a gente apura.
É questão de rotina, a coisa não dura.
Se quer ficar calado, a essa altura
vai ter que por à prova sua bravura.
Você irá pra câmara da tonsura.
Vai saber o que é nossa desmesura.
Os portões são trancados à fechadura
e aprenda que a chave está bem segura.
A cela. o tapa, o soco, e a apertura,
a agulha, o alicate e a mordedura,
o choque, a água, a faca, a lata que fura.
É só uma lição, você já se cura.
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“Per me si va nella città dolente.
Per me si va nell’etterno dolore.
Per me si va tra la perduta gente.
………..
Lasciate ogni speranza, voi ch’ entrate.”
(Dante Alighieri, L’ Inferno, canto III)
Curitiba, julho.1976
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