Monteiro Lobato

Fábulas

Fábulas 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28

 

22 – A Morte e o lenhador

         Um velhinho, muito velho, vivia de tirar lenha na mata. Os feixes, porém, cada vez lhe pareciam mais pesados. Tropicava com eles, quase caía, e um dia caiu de verdade, perdeu a paciência e lamentou-se amargamente:

         – Antes morrer! De que me vale a vida, se nem com este miserável feixe posso? Vem, ó Morte, vem aliviar-me do peso desta vida inútil.

         Tentou erguer a lenha. Não pôde e, desanimando, invocou pela segunda vez a Magra.

         – Por que demoras tanto, Morte? Vem, já pedi, vem aliviar-me do fardo da vida. Andas pelo mundo a colher criancinhas e esqueces de mim que te chamo…

         A Morte foi e apareceu – horrenda, escaveirada, com os ossos a chocalharem e a foice na mão. Continue lendo “Monteiro Lobato”

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Fábulas

Fábulas 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 21

 

15 – A assembleia dos ratos

         Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria de uma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.

         Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos à Lua.

         – Acho – disse um deles – que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.

         Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:

         – Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino? Continue lendo “Monteiro Lobato”

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Fábulas 8, 9, 10, 11, 12,13 e 14

 

08 – O velho, o menino e a mulinha

         O velho chamou o filho e disse:

         – Vá ao pasto, pegue a mulinha e apronte-se para irmos à cidade, que quero vendê-la.

         O menino foi e trouxe a mula. Passou-lhe a raspadeira, escovou-a e partiram os dois a pé, puxando-a pelo cabresto. Queriam que ela chegasse descansada para melhor impressionar os compradores.

         De repente:

         – Esta é boa! – exclamou um viajante ao avistá-los. – O animal vazio e o pobre velho a pé! Que despropósito! Será promessa, penitência ou caduquice?…

         E lá se foi, a rir. Continue lendo “Monteiro Lobato”

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