apolo e jacinto, 15.
alio parecia ter mil braços, teófilo parecia ter mil pernas, eram duas brasas que, ao se tocarem, provocavam a subida de faíscas de ouro e cada beijo era o desencadear de carrilhões sonoros, bronzes cujo soar permanecia ofendendo os ouvidos. teófilo puxou alio pra cima de si e o respirar de um entrou no outro e os lábios de alio se colaram pra sempre e teófilo sentiu que o esmagavam, era uma pedra que talvez o atingisse e era preciso acordar e um gigante se apossava dele e o cobria e eram solavancos confusos e ele já se lembrava que era alio, o moço de olhos macios, o jovem criado que estava sobre ele, em movimentos rápidos, não sabia porque, uma mãozinha ferida se plantou na sua memória mas de repente a mão saiu voando e outra mão réptil segurou seu sexo e brotou de seu corpo uma fonte que espirrava ovelhas brancas, sempre ovelhas brancas, que se transformavam em peixes pegajosos que eram esmagados por um ventre duro que vinha e ia e voltava e recuava e todo o corpo era um tremor e cada vez que alio baixava e comprimia a barriga contra seu corpo e o peito contra seu peito e as coxas batiam fortes nas suas, o sino tocava dentro dele e continuava ressoando louco até que outra pancada mais forte fazia de novo soar o bronze que era ele e apenas a boca colada permanecia colada porque todo o resto era um incessante vir e ir do corpo aflito de alio.
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