O dia sem nome, 4.
Quanto tempo durou tudo aquilo?
O obstetra ouviu um ruído confuso, a enfermeira sentou-se, a mãe comprimiu o rosto numa máscara de desentendimento, lá fora um pai se pôs à escuta, o recém-nascido foi depositado entre as pernas da mãe, a enfermeira começou a se desmanchar, o obstetra foi afundando no chão como geleia, as pernas e toda a mãe foram se misturando com os lençóis molhados e o pai já era um monte indiferente de matéria imprecisa e aquele chorinho em louvor à grandeza do universo e ao mistério da vida, aquele chorinho fora silenciando aos poucos e agora a maquininha singular não passava de uma massa esfarelada.
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