o homem que queria tremer

O HOMEM QUE QUERIA TREMER

quinto A

Nota: Esta peça foi apresentada em novembro de 1972 no Auditório da Biblioteca Pública do Paraná, por alunos da turma Quinto A, da Escola Raphael Hardy. Durante o segundo semestre, de duas aulas semanais de Educação Artística, uma era dedicada aos ensaios. Foi um interessante exercício, escrever a cada semana um episódio, que era dado aos atores responsáveis pelos papéis.
    Baseei-me em dois famosos contos dos Irmãos Grimm (1785/1863 e 1786/1859), O Homem que queria tremer (Märchen von einem, der auszog, das Fürchten zu lernen) e O Túmulo (Der Grabhügel). Informação curiosíssima: No conto O Túmulo, o Soldado menciona o personagem de O Homem que queria tremer. Que eu me lembre, isto não ocorre em nenhum outro conto dos Irmãos Grimm. Isto poderia significar que os Irmãos, que saíram pela Alemanha anotando da boca do povo os seus contos e lendas, fariam algum tipo de “literatura” em cima do material anotado?
    Ao final do texto, apresento a lista dos alunos-atores, com seus respectivos papéis.

Cena 1. Sala (Pai, Compadre, Homem).

PAI: Ah, meu Deus do céu! Onde andará esse meu filho? Passei a noite toda esperando, já amanheceu e nada dele chegar. (batem) Opa! Será que é ele?
COMPADRE (entrando): Bons dias, compadre. Vim ver se você me empresta uma galinha choca para cobrir uns ovos de galinha d’angola.
PAI: Pois não, pois não. E como está a comadre?
COMPADRE: Está bem, está bem. Espera o seu décimo sétimo filho. E o afilhado, por onde anda que há muito tempo não visita os pobres?
PAI: Ah, compadre. Está me dando aborrecimentos, este filho. Saiu ontem para vender uns patos na aldeia vizinha e não voltou até agora.
COMPADRE: Santo Deus! Pode ter acontecido alguma coisa! Há ladrões terríveis no caminho, bandoleiros desalmados. Que teria acontecido?
PAI: De ladrões e bandoleiros eu não tenho medo. Meu filho é forte, você sabe, e um murro dele derruba qualquer golias. Mas me arrepio só de pensar que ele teve que viajar à noite perto do cemitério da igreja abandonada. Estão falando que há assombrações horríveis vagando por lá.

 

COMPADRE: Ora, compadre, se ele tivesse que passar por lá, acho que voltaria e só continuaria a viagem hoje que ele não é bobo. (batem na porta).
PAI: Quem está aí?
HOMEM (do lado de fora): Abre que eu estou morrendo de fome.
PAI: Ah, finalmente ele chegou. (abre a porta) Então, mocinho, sai, passa a noite fora, não dá satisfação… que foi que aconteceu?
HOMEM: Calma, pai. Aconteceu que eu estava vindo e a roda da carroça quebrou. Tentei consertar mas não consegui. Estava perto da igreja abandonada, aquela que tem um cemitério grande.
PAI (tremendo): Ai, meu filho, logo naquela igreja?
COMPADRE (tremendo): Ai, que azar, logo ali?
HOMEM: Quando vi que não conseguia consertar, amarrei os cavalos numa árvore e tentei dormir na carroça. Fum, cocô de papo pra todo lado. Tentei forçar a porta da igreja mas ela não abriu. Aí dormi em cima dum túmulo.
PAI: Está ficando maluco?
HOMEM: O quê que o senhor queria? Que eu dormisse no chão frio? Até que estava bom, só um pouco duro.
PAI (tremendo): Ai, meu filho. Me arrepio de imaginar. Eu morreria de medo.
COMPADRE (tremendo): Ai, ai. Nunca tremi tanto na minha vida.
HOMEM: Tremer, tremer. Eis aí uma coisa que eu queria fazer: tremer de medo. Bem, vou andando. Tenho que comer depressa pra tirar o leite das vacas. Já estou atrasado. (sai)
PAI: Viu só?, compadre. Ele não tem medo de nada. Tenho a impressão que acabará sendo levado pro outro mundo por alguma assombração.
COMPADRE: Sabe, compadre. O problema é sério, mas acho que se pode dar um jeito. Vá até o padre, que ele pode fazer alguma coisa pelo afilhado. Mas vamos lá fora pegar uma galinha choca. Não posso demorar que ainda tenho que pegar o leite da vaca, pra nove filhinhos.
PAI: Vamos, compadre, vamos. (saem)

Cena 2. Sacristia (Dois sacristãos, Padre, Pai).

1o. SACRISTÃO: Aquele urubu está querendo matar a gente de trabalhar.
2o. SACRISTÃO (imitando o Padre): Apanhe flores pra igreja que a condessa vem hoje assistir à missa.
1o. SACRISTÃO: Já varreu a capelinha? E as velas, estão todas acesas? O incenso, o incenso, onde está?
2o. SACRISTÃO (imitando): O vinho, meu filho. O vinho está acabando. Preciso abrir outro barril. Que vinho danado pra acabar depressa!
1o. SACRISTÃO: Acho, seu Padre, que ele evapora. Nunca vi vinho pra sumir tão depressa.
2o. SACRISTÃO (imitando): Evapora, né?, seu malandro. Acho que evapora mas é pra dentro da sua pança.
1o. SACRISTÃO: Juro pelo santíssimo, seu Padre. Acho que é o rato. Ouvi outro dia um barulho e era um ratinho bebendo o vinho da missa. Depois ele saiu todo cambaleante.
2o. SACRISTÃO (imitando): Ratinho, nada, seu ratão. Acho que esses sacristãos estão me roubando todo o vinho.
1o. SACRISTÃO: Que, por sinal, é bem gostoso, né?
2o. SACRISTÃO: Se é. (riem muito; o Padre chega e eles começam a trabalhar)
1o. SACRISTÃO: Com sua benção, seu Padre.
2o. SACRISTÃO: Que o santíssimo o proteja, amém.
PADRE: Amém, nós todos. Ouvi risos. O que era?
1o. SACRISTÃO: Pois é isso: eu estava varrendo a sacristia pela sétima vez, pra que ela fique bem limpa, e a vassoura passou debaixo do meu sovaco…
2o. SACRISTÃO: Axilas, seu burro.
1o. SACRISTÃO: Pois é… a vassoura passou nas minhas xilas…
2o. SACRISTÃO: Axilas… axilas…
1o. SACRISTÃO: Ah, xilas, xelas, xolas, tem você. Eu tenho é sovaco mesmo.
PADRE: Bem, bem, bem, bem…
1o. SACRISTÃO: Bem, bererem, bem… bem, bem…
PADRE: Amanhã receberemos a Condessa e quero a igreja maravilhosamente limpa.
2o. SACRISTÃO: Maravilhosamente quer dizer que vamos ter que varrer quinze vezes.
1o. SACRISTÃO: A pata que partiu!
PADRE: Quê que você falou?, meu filho.
1o. SACRISTÃO: Nada, seu Padre. Falei que a Condessa vai direto pro céu.
PADRE: Se vai, meus filhos. Está ajudando na construção do novo retábulo, onde voarão mil e quinhentos anjinhos azuis…
1o. SACRISTÃO (voando): Ai ai… (batem na porta)
2o. SACRISTÃO (com voz grossa): Quem está aí?
PAI (de fora): Sou eu, seu Padre. Um fiel paroquiano. (entra)
PADRE: Boa tarde, meu filho. Que deseja desse humilde pastor de almas?
PAI: Primeiro dizer pro senhor que tem lá fora um cabrito, presente que trouxe pro bom padre.
PADRE: Não precisava se incomodar, meu filho. Mas o que tem a pedir?
PAI: Ah, seu Padre. É o seguinte: tenho um filho que não tem medo. Diz que a melhor coisa que podia acontecer com ele é ele aprender a tremer…
PADRE: Muito bom sinal…
PAI: Mas ele exagera, seu Padre. Imagina que ele passou a noite passada dormindo em cima de uma catacumba.
PADRE: Sinal de que não teme o Diabo.
PAI: Mas já pensou se vem uma alma penada e começa a puxar a perna dele? Ou se vem o próprio Diabo? Ou se vem o vampiro, o Conde de Alucard? Ou se vem o Homem sem Cabeça? (o Padre e os Sacristãos começam a tremer)
PADRE: É, mas gente de muita fé não acredita nestas coisas…
1o. SACRISTÃO: Então, por que o senhor está tremendo?
2o. SACRISTÃO: Quem disse que ele está tremendo?
PADRE: É, a gente não acredita mas sempre é bom tremer um pouquinho. Mas meu bom paroquiano… tenho um plano pra fazer o seu filho tremer. Pedirei pra que ele vá na torre tocar o sino à meia-noite. Quando ele tiver acabado, estes dois sacristãos… (os Sacristãos se abraçam)
1o. e 2o. SACRISTÃO: Nós dois?
PADRE: Vocês mesmos. Subirão as escadas da torre arrastando correntes e surgirão fantasiados de alma penada com lençóis brancos…
1o. SACRISTÃO: Ah, seu Padre! Meia-noite não, deixa pro meio-dia!
PADRE: Meus filhos, vamos atender o pedido desse pai desesperado. E mais: lembrem-se de que ele nos trouxe um cabrito.
PAI: E trarei um bezerro pra vocês dois, se conseguirem fazer o meu filho tremer.
1o. SACRISTÃO: Um bezerro? Ora, não precisa dizer mais nada. Por um bezerro, farei alma penada até meia-noite vezes meia-noite.
PAI: Muito obrigado. Sabia que podia contar com vocês.
PADRE: Então, combinado. Mande seu filho falar comigo hoje ainda. Quer dizer que temos lá fora um cabrito… é dos gordos?

PAI: Muito, o mais gorducho que encontrei.
PADRE: Vamos indo, então. Preciso confessar a Condessa. Bem, bem, bem, bem… (saem o Padre e o Pai)
1o. SACRISTÃO: Bem, bererem, bem… bem, bem…
2o. SACRISTÃO: Um bezerro! Um bezerro só pra nós. Vamos vender e comprar duzentos quilos de doce.
1o. SACRISTÃO: Vender nada. Vamos engordá-lo bastante, matar e montar um açougue.
2o. SACRISTÃO: Ah, e os duzentos quilos de doce.
1o. SACRISTÃO (dando um tapa nas costas do outro): Doces, doces… deixa de ser bobo. Vamos, mas é comemorar com o vinho do seu Padre. (saem)

Cena 3. Campanário (Homem, Dois sacristãos, Padre, Pai, Compadre).

HOMEM: Não sei por que o padre me pediu pra tocar o sino da meia-noite. Pra quê que ele tem sacristão? Enfim, vou atender o pedido, porque padre é padre. (ouve correntes se arrastando) Que será isto? Deve ser alguém arrastando alguma coisa. O que seria? Ora, bobagem… Deve ser um rato. Vou já tocar o sino. (um grito prolongado) E isso agora? Alguém gritando. Deve estar doente. Na certa o Padre vai atender. (outro grito) De novo… Vou lá me incomodar com isto? Toco o sino e caio fora que aqui está um pouco frio (entra um Fantasma) Quem está aí? Ah, é você? Que quer aqui? Vá embora o dou um murro na sua cara. Vai ficar aí parado? (entra o outro Fantasma) Ah, são dois. Pois fiquem sabendo que não tenho medo. Devem ser dois ladrões vestidos de alma penada pra me fazer medo. E vão ficar aí parados feito bobocas? Nem pra fazer medo vocês servem? (avança e os Fantasmas recuam) Ah, estão com medo, seus paspalhões! (bate nos dois) Viram, seus fantasmas! (sai)
1o. SACRISTÃO: Ui, ui, ui, ui, ui, ui, uuuuuuui.
2o. SACRISTÃO: Ai, ai, ai, ai, ai, ai, aaaaaaai.
1o. SACRISTÃO: Será que essa surra vale um bezerrinho? Ui, ui, ui, ui, ui, ui, uuuuuuui.
2o. SACRISTÃO: Se vale não sei. Mas essa foi pra valer. Ai, ai, ai, ai, ai, ai, aaaaaai. (entram o Padre, o Pai e o Compadre)
PADRE: Então?, meus filhos. Conseguiram fazer o homem se arrepiar e tremer?
1o. SACRISTÃO: Arrepiou sopapos em cima de nós, isso sim.
COMPADRE: E não tremeu?
2o. SACRISTÃO: Tremer? Nós é que trememos com os tremendos socos nas nossas costas. Ui, ui, ui, ui, uuuuui.
PAI: Ah, meu pobre filho que não sabe o que é tremer de medo…
1o. SACRISTÃO: E não sabe mesmo. Avançou furioso pra cima de nós e nós, os fantasmas, é que levamos a pior.
COMPADRE: É, compadre, se ele não aprendeu a tremer aqui, à meia-noite, com fantasma e tudo, não tem jeito não.
PADRE: Seria bom que o senhor o mandasse pelo mundo afora. As aventuras perigosas e os revezes da vida hão de fazê-lo tremer. Além disso, ele aqui é perigoso. Veja o que aconteceu com esses pobres diabos.
SACRISTÃOS: Ai, Ui, ai, ui, ai, ui, ai, ui, aaaaai, uuuuui.
1o. SACRISTÃO: Ai, seu Padrezinho, ai, minhas costas. O boticário disse um dia pra minha mãe que pancada de homem que não tem medo só cura com um bom vinhozinho…
PADRE: Está bem, meus filhos. Darei um garrafão pra vocês. Tenho que buscar na adega. Não entendo por que o meu vinho acaba tão depressa… (saem todos)

Cena 4. Praça (Três Soldados, Homem, Um enforcado, Outro Soldado).

1o. SOLDADO: Que azar o nosso. Ser escolhido pra vigiar o enforcado logo hoje.
2o. SOLDADO: É… hoje até o cantar do galo, as bruxas e os duendes estão à solta.
3o. SOLDADO: Nem me falem… Quando eu começo a pensar nessas coisas, meu corpo é um arrepio só.
2o. SOLDADO: Dizem que nessa noite, após o bater das doze badaladas, os espíritos saem das covas e atormentam todos os homens, até que o galo, corneteiro da alvorada, anuncie a luz de um novo dia.
3o. SOLDADO: E para a meia-noite falta pouco… Como se não bastasse, essa lua cheia e esse vento frio… (ouvem passos) Ei, ouviram?
1o. SOLDADO: Pode ter sido uma ratazana. (chega o Homem)
2o. SOLDADO: Quem está aí?
HOMEM: É gente de bem. Que fazem aqui tão tarde?
1o. SOLDADO: Vigiamos esse enforcado.
HOMEM: Mas ele está mesmo enforcado?
2o. SOLDADO: E muito bem. Dessa, ele não volta mais.
HOMEM: Mas, então, pra que vigiar? Ele vai fugir, por acaso?
3o. SOLDADO: Não é vigiar o enforcado. É vigiar pra que ninguém o roube.
HOMEM: Mas o que vão querer com o pobre cadáver?
3o. SOLDADO: Esse homem foi um facínora que roubou e assassinou sem piedade nenhuma. A lei nega a esses pobres coitados o direito de ser enterrados em terra santa. E nós, soldados, vigiamos, pra que seus companheiros, também criminosos, não venham roubá-lo, pra enterrar junto das igrejas, à noite.
HOMEM: Pobre coitado. E esse vento frio há de gelar seus pés.
1o. SOLDADO: Ora, não seja tolo. Que mal pode fazer o vento a um morto?
HOMEM: Pois eu bem que gostaria de esquentar os pés desse infeliz junto do fogo. Acho que vou descê-lo.
3o. SOLDADO: Está maluco? Só o carrasco tem coragem de tocar nele. Não o tire de lá.
HOMEM: Vocês ficam aqui em volta do fogo, esfregando as mãos, e ele lá. Pois vou tirá-lo.
3o. SOLDADO: Espere. Temos um plano. Nós precisamos sair um pouco, pra vigiar outras praças. Se você quiser, pode vigiar este morto e, bem cedinho, a gente volta.
HOMEM: Está bem, podem ir. (saem os Soldados) Que povo medroso. Foi só falar em tocar o cadáver e já começaram a tremer. E eu ainda não consegui aprender a me arrepiar. Bem, não vou tirar o corpo da forca, que está muito alto. Mas vou aproveitar pra dormir um pouco em volta desse fogo. (dorme; amanhece; voltam os Soldados)
1o. SOLDADO: Ei, acorda. Não teve medo? Como é que teve coragem de dormir com um corpo pendurado a cinco passos daqui?
HOMEM: Pois dormi muito bem e até sonhei. Sonhei que esse homem que está enforcado me contava a sua história. Disse que era um menino faminto e aprendeu a roubar e de tanto roubar acabou sendo enforcado.
3o. SOLDADO: Conversa fiada. Esses ladrões são bandidos vagabundos. Merecem mesmo a forca. (entra o 4o. Soldado)
4o. SOLDADO: Olá, companheiros. Daqui a pouco virá o carrasco para tirar o corpo e levá-lo. Fala-se muito desse enforcado lá no quartel.
1o. SOLDADO: E o que se fala?
4o. SOLDADO: Descobriram que não foi ele que assassinou o filho do duque Furtulino. Parece que morreu inocente. O Capitão não quer comentários, pra que o povo não descreia da nossa justiça. (escurece)

Cena 5. Cemitério (Homem, Diabo).

HOMEM: Ai, estou cansado. Achei que ainda hoje chegaria a alguma aldeia mas parece que ela está mais longe do que eu esperava. Bem, vou tratar de dormir aqui mesmo, que não está frio. (dorme; entra o Diabo)
DIABO: Está quase chegando a meia-noite. Preciso andar por aí, espalhando os meus poderes malignos. Terror, Solidão, Miséria, Desespero, Fome, Guerra, Egoísmo, venham todos os meus auxiliares. Duendes das negruras eternas, malefícios terríveis. Venha para junto de mim, como começarmos e semear o Medo, que só o Medo consegue dominar a alma do homem. Que é isto? Um homem dormindo? Felizmente não está morto. Se estivesse eu não mais poderia tentar conseguir a sua alma. Mas assim vivo, como está, vou tentá-lo e tenho certeza de que não me escapará. Quem sabe eu me transforme em mulher, como a do Santo Agostinho. Não! Ele pode me achar feia. Quem sabe eu ofereço poder, um reino imenso. Ah, já sei, vou oferecer ouro. Ouro. Hê, hê, ninguém resiste ao ouro. Vou acordá-lo. (sacode o Homem)
HOMEM: Que merda! Bem agora que eu estava no melhor do sono. Quem mandou você me acordar?, seu estúpido!
DIABO: Calma, calma, amigo. Trema e se arrepie diante de mim, porque eu sou o Diabo.
HOMEM: Tremer e me arrepiar! Como se você fosse alguma coisa importante. Um pobre diabo.
DIABO: Pobre Diabo? Pois fique sabendo que eu sou secretário do assessor do subchefe da seção do caldeirão número quatro.
HOMEM: Como se isso fizesse medo. Há quanto tempo você serve nessa seção?
DIABO: Desde o dia em que Nero botou fogo em Roma. Aquele dia foi tão glorioso que todos nós fomos promovidos. Portanto, treme e se arrepie, porque eu estou aqui para fazer medo.
HOMEM: Pois faça.
DIABO (faz caretas e dá pulos): Uuuuh! Aaaah! Ô, rapaz, mas você é chato, ein? Ouça o meu grito de arrepiar os cabelos: Uaaaaah!
HOMEM: Pode tirar o cavalinho da chuva, seu diabo de meia tigela, que esse negócio de tremer e se arrepiar não é comigo.
DIABO (continua a pular e a fazer caretas): Aaah, uuuhh! Ê, mas que sujeito mais besta!
HOMEM: Escute aqui, companheiro. Vamos fazer um trato. Você vai embora e me deixa dormir, que eu estou com sono.
DIABO: Ai, que vexame! Nunca nos meus dois mil anos fui tão insultado. Você não tem medo?
HOMEM: Não tenho e se continuar a me encher a paciência, eu arranco esses chifres da tua testa.
DIABO: Calma, moço, calma. Na verdade, estou aqui pra te oferecer ouro.
HOMEM: Ouro?
DIABO: Sim, ouro. E pra fazer um acordo. Você me pede uma quantidade de ouro. Se eu não conseguir trazer pra você essa quantidade de ouro, você me venceu. Se eu conseguir, sua alma me pertence. Que tal?
HOMEM: Sabe?, não está mal.
DIABO: Então, pode pedir.
HOMEM (tirando a bota): Quero que me encha esta bota de ouro.
DIABO: Só isso? Ah, está no papo. Vou e volto enquanto o chefão pisca um olho. (sai)
HOMEM: Ele pensa que sou bobo. Vou por minha bota neste ponto do túmulo. Tem um buraco. Quando me deitei vi que uma pedrinha caiu lá dentro e o túmulo está vazio. O ouro que o Diabo jogar na bota vai parar no túmulo, porque a bota também está furada. Assim, ele vai e volta até o cantar do galo e quebra-se o encanto.
DIABO (voltando): Pronto. Aqui está o teu ouro. Vou jogar dentro da bota e ela vai ficar cheia. (joga) Opa, não encheu!
HOMEM: Claro, claro. Minha bota é especial. Trate pois de arranjar mais ouro. (sai o Diabo e volta e joga o ouro; vai e volta diversas vezes; traz enfim um saco bem grande)
DIABO: Pronto, desta vez acho que conseguirei. Preciso acabar rápido porque está ficando dia e tenho medo de que aquela ave horrível cante. Além disso, o Infernal Tesoureiro já está me olhando com o rabo do olho, desconfiadão. (joga) Oh, com mil irmãos, não encheu. (canta o galo) Oh, estou perdido.
HOMEM: Sim, está perdido. Além de não ter minha alma, vai me dever um favor, pra hora em que eu quiser invocá-lo.
DIABO: Ai, ai, ai. Agora vou ser rebaixado a assessor do ajudante do secretário do varredor do estábulo infernal. Ai, ai, ai. (sai chorando)
HOMEM: No fim, quem perdeu fui eu, que não dormi a noite inteira. Bem, vou deixar o ouro escondido aqui. E se algum dia precisar, venho buscá-lo. Vou levar apenas um saco pras próximas despesas.

Cena 6. Floresta (Homem, 1o. Ladrão, 2o. Ladrão)

HOMEM: Esta minha viagem à aldeia está demorada. Também, passei a noite em claro por causa do pobre capeta. Espero chegar lá hoje e ainda descansar numa cama de verdade, que já estou com dor nas costas. (entra o 1o. Ladrão)
1o. LADRÃO: Você aí, não se mova ou leva uma paulada na cabeça. (entra o 2o. Ladrão)
2o. LADRÃO: Isso mesmo. Isto mesmo. Não tente nos enganar que somos dois e temos experiência em assalto.
HOMEM: Pois não, cavalheiros, pois não. Vejam, aqui está um saco de ouro. Mas, pelo visto, vocês não têm tanta experiência em assalto assim.
1o. LADRÃO: Como não? Pois não viu que em pouco tempo lhe tiramos todo o ouro?
HOMEM: Está bem, está bem, amigos. Pois então, já que vocês têm o meu ouro, podem me deixar em paz nesse ponto da floresta. Não me queixarei de vocês a ninguém. Nem mesmo à guarda do rei.
1o. LADRÃO (para o 2o. LADRÃO: Está muito seguro de si. Por que será que nos deu o ouro de tão boa vontade?
2o. LADRÃO: Diga, amigo. Por que julga que não temos experiência em assalto?
HOMEM: Ora, companheiros, não me obriguem a falar de coisas que não quero. Na verdade, sei de muitas coisas que lhes agradaria… quer dizer… bem, não é nada não.
1o. LADRÃO: Mas isso não fica assim, não, senhor. (agarra o Homem pelo pescoço) Vai dizer já porque nos deu o dinheiro de tão boa vontade e quer ficar sozinho por aqui.
HOMEM: Esperem, amigos. Está bem, está bem. É a carruagem.
2o. LADRÃO: Que carruagem?
HOMEM: A carruagem do conde Olhovivo. Vem por este caminho da floresta, tentando desviar-se da estrada para evitar assaltos.
1o. LADRÃO: E o que tem essa carruagem?
HOMEM: Está carregadinha de ouro. O Conde Olhovivo, temendo uma rebelião de seu feudo, resolveu mudar-se e leva todo o tesouro numa carruagem cujo cocheiro é um velho.
1o. LADRÃO: Um velho?
HOMEM: É. Pra disfarçar. Por isso eu vim pra cá, pra dar cabo do velho e ficar com o ouro pra mim.
2o. LADRÃO: Pois fique sabendo que nós, eu e o sócio aqui, é que vamos ficar com tudo.
HOMEM: Isso é que não! Pois vocês não sabem a senha.
1o. LADRÃO: Que senha?
HOMEM: Deixa eu explicar. O velhinho tem uns embrulhos. Se alguém quiser fazê-lo parar e não disser a senha, ele encosta o fio do embrulho na tocha e joga em cima do infeliz e era uma vez um ladrão.
2o. LADRÃO: Mágica?
HOMEM: Ih, rapaz, já vi que vocês estão por fora. É um pó chamado pólvora. Vem do oriente, custa uma fortuna, mas é de um poder diabólico. Onde bate é puuummmm. Arranca braço, arranca perna, arranca nariz… arranca tudo. E eu sei a senha para o velhinho parar e achar que eu sou um dos espiões do conde que vão à frente do trajeto para proteger o ouro.
1o. LADRÃO: Olha, aqui, companheiro. Acho melhor você se associar com a gente. Nós três podemos dividir o tesouro. Metade pra mim, metade pra ele, e você leva o seu ouro de volta (devolve o ouro).
HOMEM: Ah, ainda bem que vocês são companheiros. Bem, estou com fome. Vamos fazer o seguinte. O meu ouro fica aqui enquanto eu vou procurar uma caça qualquer. Você junta uns gravetos pra fazer fogo. (sai e se esconde atrás de uma árvore)
1o. LADRÃO: Legal. Vamos ficar ricos; quem sabe, roubamos o brasão do conde Olhovivo e vamos pra bem longe dar uma de nobre: criados, cavalos, cachorros e mulheres à vontade.
2o. LADRÃO: Bem, vou juntar uns gravetos. (quando ele se abaixa pra pegar uns galhos, o homem rasga um lenço) Você ouviu? Acho que rasguei a calça.
1o. LADRÃO: Não é nada, companheiro. Impressão sua. (quando o Ladrão se abaixa novamente, o Homem rasga de novo o lenço)
2o. LADRÃO: Como não rasguei? Ah, eu é que não quero saber de catar gravetos. Vou dormir também. (deita-se próximo do outro e os dois dormem)
HOMEM (mostrando-se): Agora que esses dois estão dormindo, eu vou fazer o seguinte: amarro os pés deles um no outro, dou um berro, faço um barulhão, dou umas porradas neles e vou-me embora com meu ouro. (o Homem amarra os pés dos ladrões e dá um soco no 1o. Ladrão e sai com o ouro)
1o. LADRÃO: Danado! Querendo me matar pra ficar com o tesouro, né? Tome.
2o. LADRÃO: Quê que é isso? Tá querendo me matar, seu sem-vergonha. (brigam e caem muitas vezes, pois têm os pés amarrados, e escurece)

Cena 7. Taberna (Dono, Criado, Homem, Rei)

DONO: Como é?, rapaz. Já preparou tudo para as majestades?
CRIADO: Não sei mais o que fazer pra agradar esta corte. Se levo frio, pedem gelado. Se levo gelado, pedem quente. Se levo quente, pedem frio.
DONO: Paciência, paciência. Eles têm ouro em quantidade. Assim, vamos enchendo os bolsos.
CRIADO: O senhor enche os bolsos. E eu fico aqui feito doido. Primeiro, é o Rei. Menino, traga-me uma cerveja no ponto em que eu gosto. Levo a cerveja, cheia de espuma e gelada. Ele diz: ora, maroto. Gelada e com espuma, quem gosta é a rainha. Eu quero é gelada e sem espuma. Tiro a espuma e volto e dou a ele. Ele prova e diz: demorou muito, rapaz. Agora não está mais gelada. Assim, ninguém fica duque nesta casa.
DONO: Duque? Ele falou duque?
CRIADO: É. Falou duque.
DONO: Maravilhoso. Já pensou. O rei se hospeda na minha taberna, fica uma temporada e quando vai pro castelo me transforma num duque. Eu, duque. Duque… deixa eu ver o nome que adotarei… duque… tem que ser um nome régio, nobre, de estirpe… duque… Puxa, vê se me dá uma idéia em vez de ficar me olhando feito bobo.
CRIADO: Idéia. E eu quero lá saber dos seus caduques? Vou já atender a princesa que me pediu uma linha e uma agulha. A meia dela está furada. Quer dizer, ela disse que é a meia, mas eu não vi. (sai)
DONO: Duque… Duque… o rei sai da minha taberna e me dá um ducado… duque… (entra o Homem)
HOMEM: Bons dias, senhor. Pela placa lá fora, aqui é uma taberna.
DONO: Sim, senhor. É uma taberna.
HOMEM: Preciso de um quarto pra passar a noite. Há três noites que não sei o que é cama.
DONO: Sinto muito, amigo. Mas o Rei está hospedado aqui. Não tenho quartos.
HOMEM: O Rei? Mas e aquele enorme castelo lá fora?
DONO: Pois aquele castelo está mal-assombrado. Há monstros, fantasmas, demônios. Não deixam ninguém vivo. (entra o Rei)
HOMEM: Ora, mas quem é que tem medo de fantasma?
REI: O amigo quer dizer que não tem medo de fantasma?
HOMEM: Quem é o senhor?
REI: Eu?… Um ministro.
HOMEM: Pois eu não tenho medo de fantasma. E pode dizer ao Rei que se ele quiser, livrarei o castelo dos fantasmas.
REI: Pois se isto for feito, senhor, não só terá metade de meu tesouro, como receberá a mão de minha filha, a princesa Fedegosa Fedegundes.
HOMEM: A Princesa? Quer dizer que o senhor é…
REI: O Rei.
HOMEM: Pois, Majestade. A honra de me casar com sua filha me emociona e me encoraja a livrar o castelo das assombrações. Quanto ao tesouro, eu o recuso. Tenho nalgum lugar um tesouro fabuloso.
REI: Porventura será o senhor algum poderoso príncipe disfarçado?
HOMEM: Não direi que sim, não direi que não.
REI: Preciso tomar ar. Os aposentos deste nobre senhor não são tão vastos como os do castelo e eu me sinto abafado. Senhor, não quer me mandar o seu criado com uma cerveja bem no ponto?
DONO: A majestade quer dizer bem gelada e sem espuma?
REI: Muito bem, muito bem. É muito observador. O senhor daria um grande duque. (sai o Rei)
DONO: Duque. Ouviu? Ele falou em duque. Oh, duque…
HOMEM: Bem, já que vou passar a noite no castelo, o senhor podia me vender um jogo de cartas. Aqui tem uma moeda.
DONO (examinando a moeda): Puxa, o ouro é diabolicamente puro.
HOMEM: De fato, este ouro é diabólico.
DONO: Estou achando que o senhor é um príncipe disfarçado. Aqui está o baralho.
HOMEM: Bem, vou para o castelo. Amanhã podem bater na porta pela manhã que o castelo estará livre.
DONO: Estreptomicina.
HOMEM: Quê que é isso? Está maluco?
DONO: Achei o nome. Estreptomicina. Duque Estreptomicina. Não é um nome bonito?
HOMEM: De onde tirou esse nome?
DONO: Sei lá. Achei o nome bonito e pronto. Serei o Duque Estreptomicina. (o Homem sai, escurece)

Cena 8. Salão do castelo (Homem, Diabo, Fantasma, Defunto, Homem-sem-cabeça, 3 Fantasmas)

HOMEM: Bom, vou jogar um pouco de paciência. Tenho que esperar até a meia-noite, que é a hora em que aparecem os fantasmas. Diabo, ainda falta muito. Ei! Eu falei no Diabo. Já sei a solução. Vou invocar aquele capetinha do cemitério e ele vai dar cabo dos fantasmas pra mim. Mas como vou invocá-lo? Não me disse como era. Já sei, vou falar alguma coisa em latim, como faz o Padre. Satanas, Satanorum, pecatus est. Amen. (estouro e o Diabo aparece)
DIABO: Chamou?, amigo.
HOMEM: Oba, deu certo. O latim deu certo.
DIABO: Claro. Latim serve pra tudo. O que quer de mim?
HOMEM: Preciso que me livre este castelo dos fantasmas. Depois, sua dívida terminará.
DIABO: E há fantasmas terríveis aqui. Mas pra mim isto não é problema. Cuidarei deles.
HOMEM: Então eu vou dormir. (o Homem dorme; o Diabo cochila; bate meia-noite; entra um Fantasma)
FANTASMA: Mas onde já se viu isto? Um capeta dormindo junto dum mortal.
DIABO: Saia daqui, que eu estou vigiando o sono dele.
FANTASMA: Mas, como? Então você não é um dos nossos?
DIABO: Hoje, não. Tenho uma dívida com este homem e preciso pagá-la.
FANTASMA: Deixa de ser bobo, capeta. Ora, onde já se viu? Vai querer lutar contra mim, que sou um dos seus? Ora, vamos acordá-lo e assustá-lo.
DIABO: Olha aqui, ô meu. Este sujeito é um sujeito especial. Não tem medo de nada. Quer assustar ele, pode, que eu não me meto. (o Fantasma acorda o Homem)
HOMEM: Droga, o que você quer de mim?
FANTASMA: Que trema e se arrepie porque eu sou um Fantasma. Uh, uh!
HOMEM: Saia daqui ou te arrebento a ossada.
FANTASMA: Pois tente, infeliz. Veja, sou um Fantasma. Uh, uh!
HOMEM (batendo no Fantasma): Tome, tome.
FANTASMA: Uh, uh! Ai! (foge; o Diabo também se vai)
HOMEM: Diabo de merda. (senta-se e deita a cabeça numa mesa; entra um caixão e u’a mão abre o caixão e sai o Defunto)
DEFUNTO: Uh, uh, uh!
HOMEM: Mais um! Já vi que hoje eu não durmo. Que quer de mim?, branquelo.
DEFUNTO: Fazer medo. Olhe para mim! Ah, ah, ah.
HOMEM: Pois, tome. (bate no Defunto, que foge; volta e pega o caixão, fugindo em seguida; o Homem se deita na mesa; entra o Homem-sem-cabeça)
HOMEM-SEM-CABEÇA: Eu sou mais forte que os outros, ó mortal. Não temo seu soco. Trema e se arrepie diante de mim.
HOMEM: Tremer e me arrepiar. Pois tome! (enfia o dedo no olho da cabeça; a cabeça cai. o Homem-sem-cabeça foge; volta apavorado e pega a cabeça e se vai) Essa, agora. Não me deixam dormir. Será que tem mais? (entram 3 Fantasmas; quando o Homem avança, eles fogem) Fugiram? Não dão nem pra começo! Voltem aqui, seus amedrontadores de gelatina. Bem, acho que agora posso dormir sossegado. (deita-se e dorme)

Cena 9. O mesmo salão. (Homem, Dono, Rei, Criado, Princesa, Dama, Criados)

REI: Vejam, está dormindo. E nada aconteceu com ele.
DONO: Majestade, acho que ele livrou o castelo dos fantasmas.
REI: Acorde, amigo. Minha filha vem aí para conhecê-lo. E como foi tudo?
HOMEM: Ora, muito simples. Afugentei a todos, com a minha coragem.
REI: Vamos marcar o casamento.
HOMEM: Preciso de criados para buscar meu ouro.
REI: É pra já. (para o Criado) Traga criados! (sai o Criado)
HOMEM: Não há no mundo o que me faça tremer. Este é o meu maior problema. (entram a Princesa – horrorosa – e uma Dama)
REI: Filha, eis teu marido.
HOMEM: Jesus! Como é… linda!
PRINCESA: Ooooh! (desmaia; todos acodem e ela volta a si)
REI: Eis teu marido, que não sabe o que é tremer.
HOMEM: E que daria um saco de ouro a quem me ensinasse… (a Dama sai)
REI: Precisamos fazer uma grande festa. Uma festa inesquecível.
PRINCESA: Ooooh! (desmaia; todos acodem e ela volta a si)
REI: E o senhor, durante a festa será nomeado duque. Duque…
DONO: Estreptomicina.
REI: Lindo nome. Lindo nome.
HOMEM (para a Princesa): Alteza… permita-me cumprimentá-la. (beija a mão dela)
PRINCESA: Ooooh! (desmaia; todos acodem e ela volta a si) Ooooh! (desmaia novamente; todos acodem e ela volta a si)
HOMEM: Assim que chegarem os Criados com o meu ouro, será o casamento.
REI: Distribuiremos pão para todo o povo. Festejaremos uma semana. (entra a Dama com um peixe na mão; joga o peixe dentro da roupa do Homem, pelas costas; ele começa a tremer de frio)
HOMEM (tremendo): Ai, ai, estou tremendo! Eu estou tremendo! Obrigado, boa mulher. Você fez por mim o que ninguém tinha conseguido. Estou tremendo, estou tremendo! (todos batem palmas)
PRINCESA: Ooooh! (desmaia; todos acodem e ela volta a si; escurece)

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Elenco por ordem de entrada em cena:

PAI: Guilherme Withers
COMPADRE: Paulo Roberto da Veiga Franco
HOMEM: Henrique Munhoz da Rocha
             Luis Renato Manfredini Hapner
             Luis Henrique Moss de Pauli
1o. SACRISTÃO: Luis Augusto Velloso Vianna
2o. SACRISTÃO: Paulino Franco de Carvalho Neto
PADRE: Gilberto Schnirmann
1o. SOLDADO: José Almendra Freitas Júnior
2o. SOLDADO: João Luis Romanielo
3o. SOLDADO: Luis Rizental Gomes
4o. SOLDADO: Luciano Jourdani Merlin
ENFORCADO: Paulo Roberto da Veiga Franco
DIABO: Rubens Slaviero Filho
1o. LADRÃO: Douglas Paulo Bertrand Renaux
2o. LADRÃO: Hamilton Moreira
DONO DA TAVERNA: José Renato Cardoso de Almeida
CRIADO DO DONO: Aloisio Felippe da Silva
REI: Cícero Romão Forlin
HOMEM-SEM-CABEÇA: Cláudio Cesar Schrappe Borges
DEFUNTO: João Luis Romaniello
FANTASMA: Antonio Alcides Klug Júnior
FANTASMA: Luis Rizental Gomes
FANTASMA: Luciano Jourdani Merlin
PRINCESA: Carlos Alberto Ferreira
CRIADO: Paulo Roberto da Veiga Franco
CRIADO: Douglas Paulo Bertrand Renaux

CONTRA-REGRA: Antonio Alcides Klug Júnior
ILUMINAÇÃO: Aluisio Miranda von Zuben (6o. ano)
            Eduardo Xavier da Veiga Neto (6o. ano)

quinto B

Na mesma noite, a turma Quinto B, foto acima, apresentou a peça O Saci, adaptada da obra de Monteiro Lobato, que não será transcrita aqui. Para matar as saudades, apresento a relação de personagens e atores-alunos:

DONA BENTA: Dora de Paula Soares
                    Mônica Jourdani Merlin
NARIZINHO: Júlia Diniz Affonso da Costa
TIA NASTÁCIA: Ana Sílvia Ross
PEDRINHO: Edson de Araújo Burgel
                Eduardo Santos Lafitte    
                Murilo Holzman Meister
TIO BARNABÉ: Roberto Sary Moreira
SACI: Luis Paulo Xavier Cordeiro
        Manoel Henrique Munhoz
JAGUAR: Mário Augusto do Nascimento Cardon
LOBISOMEM: Luciano Zaina
CUCA: Laís Denovaro Bacilla
IARA: Dora de Paula Soares

CONTRA-REGRA: Roberto Piloto
ILUMINAÇÃO: Laércio Amatuzzi
            Eduardo Correia de Siqueira
CENÁRIO: João Luis Lupion Gandara   

 

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