Alma desdobrada, capítulos 23, 24, 25, 26, 27 e 28.
023.
depois da minha descomunal crise por causa da rejeição inesperada de Y…, ele veio a mim e temos nos encontrado de vez em quando. às vezes ele me evita os convites e às vezes ele mesmo me convida e me seduz. ele sabe que eu, sempre, estou disposto a transar com ele. não me parece que para ele seja uma transa desagradável. me parece porém que ele não se sente bem inteiramente, quando dorme comigo. ficou claro isto, no nosso papo de antes de ontem. ele se desnuda de corpo e alma e se me entrega cheio de carinho e amor. sinto muito um bebê dentro dele, necessitando de um grande abraço protetor. ele ressoa com cada toque, estremece com cada mordida, freme ante cada demorado beijo e no momento do gozo levanta gemidos que comovem. mas, passado o grande momento, não imediatamente a seguir, mas passado todo o vestígio do prazer, seu corpo se aquieta dentro de uma melancolia enrolada em silêncio. e no nosso papo, ele falou que não se sente atraído de alma para o sexo, apenas de corpo. sei, de mim, que sempre que o tenho próximo, me sobe um desejo de repeti-lo nos braços, no corpo, por dentro e por fora. fica claro, porém, também, que é um desejo sem paixão. a paixão, alucinada e embriagadora, acabou. gosto do corpo dele, amo-o com o amor do prazer, não o amor do tudo: prazer e dor, vida e morte, passado e futuro colados a cada agora.
024.
assim desse jeito é que amo a Z….
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