apolo e jacinto, 16.
uma catarata começou a cair lá longe. com um barulho de chuva. ficou assim um infinito, mas, à custa da repetição, sempre igual, não demorou mais que um minuto. foi o resto que demorou. aquela luz, de onde provem esse brilho?, que se apaga, mal fere a Minha consciência. chamados pairavam no ar, como pássaros feiticeiros, ora imóveis e suspensos, ora vertiginosos e desequilibrados, como se dançassem a dança da loucura. algo em seus corpos se acendia, agora uma impressão fugidia, depois um arrepio e um esquecimento completo. teófilo queria perguntar quem é você?, o que procura no meu corpo?, por que me puxa contra si?, mas ao precisar a primeira palavra da pergunta, os pássaros, suspensos como balões, estouravam ou começavam a voar furiosos, soltando gargalhadas. alio queria se concentrar na existência de algo que se plantara dentro de suas coxas, mas sentia a cabeça rolando sozinha no espaço, em meio a pequeninas explosões coloridas. Parece que há u’a mão que me acaricia, mas onde está ela e por que estes rumores estranhos? Sinto que uma perna enche meu corpo, mas, como descobri-la?, se o único que me envolve são estas brasas derretidas… Quero acordar, acho que sonho, há alguém apertando meu peito pra me matar mas não tenho forças pra acordar… Quero acordar, acho que sonho, há alguém segurando minha bunda, não tenho forças pra acordar…
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