vende tudo o que tens, e segue-me

A DITADURA DA BURRICE 02. VENDE TUDO O QUE TENS, E SEGUE-ME


Não era ensolarado o dia em que chegaste,
não era não, decerto, mas, todo esse frio,
quem o trouxe até nós, e quem, o desvario
plantou em nossa casa, horror que se não baste?

Não foi a nossa sorte, a sorte a que libaste,
com o vinho, sangue negro atroz, formando um rio
e a música estertor do enfurecer vadio
e os lobos no covil, comandando o desbaste!

Não foi pensando em nós que pensaste a loucura,
nem foi a defender-nos que armaste a armadura,
e nem à nossa causa empregaste o coveiro.

Tudo isso, a falcatrua, o desconsolo, a agrura,
todo esse desatino, a infecção, a tristura,
tão só por engordar teu saco de dinheiro.

Curitiba, 28.09.1977
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