A ditadura da burrice, 13: ATÉ QUANDO?
A vida é dura
E fez-se noite escura;
A luz foi presa
No gatilho
Do forte.
A espada fura,
E leva à sepultura;
Canta a tristeza
O estribilho
Da morte.
São os donos do medo.
Os donos do enredo.
Os donos do degredo.
Do brinquedo.
Do arremedo.
Tanto deserto,
E o fim voando perto;
Aranhas tecem
A teia
Abominável.
O fado incerto
Ameaça em céu coberto.
Flores fenecem
Na areia
Inexorável.
Donos da engrenagem.
Donos da arbitragem.
Donos da pilantragem.
Da vadiagem.
Da voragem.
A rua é triste.
Na esquina a lança em riste.
Os cães farejam
O filho
Desgarrado.
O tempo assiste,
O desacato insiste.
Sombras planejam
O exílio
Insuportado.
Os donos da galera.
Donos da primavera.
Os donos da esfera.
Da espera.
Da quimera.
Curitiba, 11.10.1977
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