canções do protesto inútil
Introdução:
Começo a postar, a partir de hoje, as letras de canções que fiz de 1976 a 1983.
Reuni-as há uns anos num trabalho com o título acima, dividindo-as em três blocos:
1. Houve ontem uma ditadura, a ditadura da burrice. Neste bloco, incluo as canções que falam de censura, tortura, medo; os anos de chumbo da ditadura militar.
2. Veio, a seguir, outro tipo de ditadura, a ditadura da imoralidade, que, todavia, mantém a burrice anterior. Neste bloco incluo canções que falam da cidadania brasileira, da perplexidade do eleitor e contribuinte diante do poder aparentemente democrático. Ao longo dos anos vou substituindo os nomes dos bandidos de plantão.
3. Mudemos, porém, de assunto, que o estômago é fraco. Aqui, entram as canções de temas variados.
Para facilitar, vou simplificar os títulos, porque quero apresentá-las aleatoriamente: A ditadura da burrice, A ditadura da imoralidade, Canções diversas.
A ditadura da burrice 01.Canção do Mosquito do Cabra Cabrez
Você vem me dizer
que eu sou uma coisinha à toa;
mas sei mostrar
com quantos paus se faz uma canoa.
Você é Polifemo,
o grande poltrão das fanfarrices.
Mas eu serei o manhoso e astuto Ulisses.
Você se diz rei,
e não admite nenhum ultraje.
Mas eu serei o debochado Bocage.
Você é um Golias,
querendo tomar tudo pra si.
Mas eu serei o pequenino Davi.
Você é muito forte,
e contra você ninguém se atreve.
Mas eu serei como uma bolinha de neve.
Você é o Gigante,
e com você ninguém se mete.
Mas eu serei o alfaiate Mata-Sete.
Você é um grandalhão
dos que fazem da gente picolé.
Mas eu serei um espinho no seu pé.
Você, que é o Cabra Cabrez
e pensa que o seu poder é infinito.
Olhe, eu estou aqui. Eu sou o Mosquito.
(canta jorge teles)
Curitiba, 11.10.1977