Monteiro Lobato – O Saci

O SACI

Capítulos 9, 10, 11 e 12

 

9 – A sucuri   

      — Um monstro! Acuda, saci! Um monstro com corpo de cobra e cabeça de boi!… — gritou Pedrinho, trepando de novo no guarantã com velocidade ainda maior que da primeira vez.

      O saci foi ver o que era e voltou dizendo:

      — É uma sucuri que acaba de engolir um boi. Desça que não há perigo. Ela está dormindo e dormirá assim dois ou três meses até que o boi esteja digerido.

      Apesar da confiança que o saci lhe merecia, o menino foi pulando de árvore em árvore para só descer a cem passos dali. Mas como a tentação de ver a sucuri fosse grande, foi voltando, voltando, até chegar em ponto de onde pudesse observá-la à vontade.

      Era das maiores que se poderiam encontrar, devendo ter pelo menos uns trinta metros de comprimento e a grossura da cabeça de um homem. Pedrinho não podia compreender como um boi inteiro pudesse caber dentro dela. Continue lendo “Monteiro Lobato – O Saci”

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O SACI

Capítulos 5, 6, 7 e 8

 5 – Pedrinho pega um saci

       Tão impressionado ficou Pedrinho com esta conversa que dali por diante só pensava em saci, e até começou a enxergar sacis por toda parte. Dona Benta caçoou, dizendo:

       — Cuidado! Já vi contar a história de um menino que, de tanto pensar em saci acabou virando saci…

       Pedrinho não fez caso da história, e um dia, enchendo-se de coragem, resolveu pegar um. Foi de novo em procura do tio Barnabé.

       — Estou resolvido a pegar um saci — disse ele — e quero que o senhor me ensine o melhor meio.

       Tio Barnabé riu-se daquela valentia.

       — Gosto de ver um menino assim. Bem mostra que é neto do defunto sinhô velho, um homem que não tinha medo nem de mula-sem-cabeça. Há muitos jeitos de pegar saci, mas o melhor é o de peneira. Arranja-se uma peneira de cruzeta… Continue lendo “Monteiro Lobato – O Saci”

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O SACI

Capítulos 1, 2, 3 e 4

 

1 –  Em férias

       Quando naquela tarde Pedrinho voltou da escola e disse à Dona Tonica que as férias iam começar dali uma semana, a boa senhora perguntou:

       — E onde quer passar as férias deste ano, meu filho?

       O menino riu-se.

       — Que pergunta, mamãe! Pois onde mais, se não no sítio de vovó.

       Pedrinho não podia compreender férias passadas em outro lugar que não fosse no Sítio do Picapau Amarelo, em companhia de Narizinho, do Marquês de Rabicó, do Visconde de Sabugosa e da Emília. E tinha de ser assim mesmo, porque Dona Benta era a melhor das vovós; Narizinho, a mais galante das primas; Emília, a mais maluquinha de todas as bonecas; o Marquês de Rabicó, o mais rabicó de todos os marqueses; e o Visconde de Sabugosa, o mais “cômodo” de todos os viscondes. E havia ainda tia Nastácia, a melhor quituteira deste e de todos os mundos que existem. Quem comia uma vez os seus bolinhos de polvilho, não podia nem sequer sentir o cheiro de bolos feitos por outras cozinheiras. Continue lendo “Monteiro Lobato – O Saci”

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