apolo e jacinto, 18.
seus movimentos eram lentos. teófilo deitou-se de costas, não movia um dedo. entregou-se por inteiro. as mãos eram doces, aveludadas, pareciam algas macias que roçavam o peito de teófilo e o faziam arrepiar-se por inteiro. fechou os olhos. todos os botões foram abertos. alio puxou uma das mangas, segurou-o pela mão e tirou o lado direito. enfiou a mão debaixo das costas de teófilo, levantou-o e puxou o resto da camisa. o corpo de teófilo continuava imóvel. um respirar lento. lânguido. as mãos mexeram na fivela, apertaram aquela carne que queria liberdade, voltaram à fivela, abriram o cinto, enfiaram-se junto aos rins e começaram a descer a calça. o dragão saltou aflito, como se pretendesse levantar vôo, mas já se colou ao ventre rijo e cabeludo de teófilo. as coxas, os joelhos, as pernas, os pés. a roupa caiu. alio deitou-se, também de costas, e deram-se as mãos. teófilo virou-se e cobriu com seu corpo o corpo de alio. enfiando as mãos entre os dois, desabotoou-o, despiu-o lentamente, soltando todo o peso sobre alio. uma corrente levava o calor de um a outro, o sangue parecia o mesmo, escapava de um e entrava pelo outro, pelos poros, pela boca, pelas palmas das mãos, pelo peito, pelos mamilos que se roçavam, pela barriga que se comprimia, pelas coxas fortes, de ferro, que se imprensavam. os dragões lutavam, atrapalhados, apertavam-se, machucavam-se, uniam-se e se separavam desesperados, buscavam ansiosos e angustiados uma posição em que descansassem eternamente como num beijo ou num abraço, mas, inutilmente; acabavam por repelirem-se, repudiarem-se; rejeitavam-se, magoavam-se.
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