a galinha dos ovos de ouro

A Galinha dos Ovos de Ouro (João e o pé de feijão)

Nota: Esta pecinha foi apresentada com fantoches no aniversário de seis anos do Leo, em janeiro de 1977.

Personagens: Mãe, Joãozinho, Velha, Gigante.

MÃE: Ai, ai, ai, ai! Que dias que estou passando. Sou uma pobre viúva, não arranjo trabalho. A comida está acabando. Meu filho Joãozinho ainda é muito pequeno pra trabalhar. Não sei o que faço. Realmente não sei o que faço. (grita) João! Joãozinho!
JOÃOZINHO: (de longe) Já vou!
MÃE: Venha cá, meu filho.
JOÃOZINHO: O que é?, mãe.
MÃE: Quero conversar com você. A nossa comida está se acabando e não temos mais dinheiro. Precisamos fazer alguma coisa. Não estou conseguindo pensar, de tão nervosa.
JOÃOZINHO: Vamos pensar juntos, mãe, que sempre ouvi dizer que uma cabeça pensa melhor que duas.
MÃE: Não é assim, menino. O ditado é: duas cabeças pensam melhor que uma.
JOÃOZINHO: Mas você acabou de dizer que não está conseguindo pensar. (começam a andar um atrás do outro, pra lá, pra cá).
MÃE: Não sei o que vamos fazer. Fico querendo pensar e não consigo. Realmente, não estou tendo nenhuma idéia.
JOÃOZINHO: Mãe, se você fica falando, eu também não consigo pensar em nada. (continuam andando)
MÃE: Ai, ai, ai, ai. O que é que podemos fazer? Sem comida e sem dinheiro. Porque, se tivesse dinheiro, com o dinheiro se compra comida. Quem tem dinheiro, tem comida. Mas quem não tem dinheiro, não pode ter comida. Vai comprar com qual dinheiro? Ai, ai, ai, ai.
JOÃOZINHO: Mãe, como é que é? Você não consegue pensar, a sua cabeça não está adiantando pra nada. Fica falando e não me deixa pensar, a minha cabeça também não adianta pra nada. Temos aqui duas cabeças que não pensam mais do que nenhuma.
MÃE: Mas sempre ouvi dizer que duas cabeças pensam melhor que uma e é assim que deve ser. (a vaca muge)
JOÃOZINHO: Oba! Tive uma idéia!
MÃE: Conseguiu pensar alguma coisa
JOÃOZINHO: Consegui, apesar da sua falação. Vamos vender nossa vaquinha!
MÃE: Vender a nossa vaca? Mas o que é que você vai tomar de manhã, se não tiver a vaca pra nos dar o leite?
JOÃOZINHO: Ora, mãe, vendemos a vaca e compramos muita coisa. Leite, manteiga, ovos, verduras, carnes, legumes, frutas, salsichas, salames, presuntos, mortadelas, queijos, sorvetes, balas, bombons, chocolates, doces, biscoitos, ai, deixa eu respirar… arroz, feijão, pão, macarrão, refrescos, vinhos, refrigerantes, cocadas, bolos, tortas, pavês, gelatinas, brigadeiros, brigadeiros, brigadeiros, brigadeiros, mil caixas de brigadeiros e mais um brigadeiro.
MÃE: Pra quê mais um brigadeiro?
JOÃOZINHO: Pra quando se acabarem as mil caixas.
MÃE: Você é que pensa. Do jeito que andam os preços das coisas, o dinheiro não vai dar pra nada. Mas eu acho que não temos mesmo outro jeito. Você vai levar a vaca até o mercado e vai vendê-la por um bom preço.
JOÃOZINHO: Deixa comigo, mãe. Que, em matéria de fazer negócio, ninguém me engana. Eu chego, mostro a vaca e começo a gritar: quem vai levar esta vaquinha, quem vai querer esta maravilha por apenas cem reais?
MÃE: Cem reais?
JOÃOZINHO: Calma, mãe! Isto é pra atrair a freguesia. Quando o freguês for chegando, eu observo ele bem, pra ver se ele tem cara de bobo. Geralmente os fregueses têm cara de bobo. Daí eu digo: vai querer?, patrão. E ele: é cem reais? Eu digo: é cem reais a corda que estou segurando. A vaquinha você leva por quinhentos.
MÃE: Quinhentos?
JOÃOZINHO: Calma!, freguês. Quinhentos é o couro! A carne, que está por dentro, custa mil reais. A carne mais o couro mais a corda, mil e seiscentos reais.
MÃE: Mil e seiscentos reais?
JOÃOZINHO: Calma!, freguês. E o leite? Faça as contas de quantos litros de leite essa vaquinha ainda vai dar. Ela só tem três anos, vai viver muitos mais, vamos calcular uns cinco anos, são cinco vezes trezentos e sessenta e cinco dias, cinco vezes cinco, vinte e cinco, cinco, vão dois, cinco vezes seis, trinta, mais dois, trinta e dois, dois, vão três, cinco vezes três, quinze, mais três, dezoito, um oito dois cinco, mil, oitocentos e vinte e cinco, mais um dia do ano bissexto, mil, oitocentos e vinte e seis dias, calculados dez litros por dia, são dezoito mil, duzentos e cinquenta litros de leite que o freguês leva de graça, de graça, meu freguês, levando a vaca por dois mil reais!
MÃE: Dois mil reais?
JOÃOZINHO: Isto mesmo.
MÃE: Ah, que bom, meu filho, que bom se você conseguir vender nossa vaca por dois mil reais.
JOÃOZINHO: Vou lá buscar a vaca, mãe. (sai)
MÃE: Bem, vou pegar água no poço. Se você sair já, chegará a tempo de vender a vaca. A feira de hoje demora o dia todo. (João entra com a vaca)
JOÃOZINHO: Pronto, mãe. Eu vou indo. Até logo! Até logo!
MÃE: Até logo, Joãozinho. Cuidado, não vá perder os dois mil reais pelo caminho. Adeus! (sai)
JOÃOZINHO: (canta)
    A minha vaquinha eu vou trocar
    Por um cavalo branco que eu quero montar.
    Eu vou sair, sair, por aí,
    No cavalinho mais bonito que eu já vi.
    O meu cavalinho eu vou trocar
    Por um carrinho onde eu quero passear.
    Eu vou sair, sair, por aí,
    No calhambeque mais bonito que eu já vi.
    O meu calhambeque eu vou trocar
    Por uma lancha onde eu quero navegar.
    Eu vou sair, sair, por aí,
    Na lancha mais forte e bonita que eu já vi.
    A minha lanchinha eu vou trocar
    Por um trenzinho onde eu quero viajar.
    Eu vou sair, sair, por aí,
    No trem-de-ferro mais bonito que eu já vi.
    O meu trem-de-ferro eu vou trocar
    Por um foguete onde eu quero espaciar.
    Eu vou sair, sair, por aí,
    No foguetinho mais bonito que eu já vi.
VELHA: (canto) Como é que se chama este menino aqui?
JOÃOZINHO: Meu nome é Joãozinho. Estou indo pra feira, vender esta vaca por dois mil reais. O que acha desta vaquinha?
VELHA: (canto) É a vaquinha mais bonita que eu já vi.
JOÃOZINHO: Pois então, fique com ela. Se a senhora quiser, eu tiro a corda e faço um desconto de cem reais. Vai levar?
VELHA: (canto): Eu vou sair, sair, por aí,    
    Com essa vaquinha que é a mais bonita que eu já vi.
JOÃOZINHO: Puxa, que bom. Já vendi a vaquinha e nem precisei ir até a feira. São dois mil reais.
VELHA: (canto) Vou pagar com estes três feijões aqui.
JOÃOZINHO: Três grãos de feijão. Ah!, não. A vaca vale no mínimo um trilhão de grãos de feijão.
VELHA: (canto) Mas é feijão mágico o que tenho aqui.
JOÃOZINHO: Feijão mágico? Ora, agora a coisa muda de figura. Nem precisava de três, bastava um. Qual é a mágica do feijão?
VELHA: (canto) É só seguir, seguir, por aí,
    Plantar os três grãozinhos e esperar cantar o bem-te-vi.
JOÃOZINHO: Plantar os três grãozinhos e esperar cantar o bem-te-vi. Que mágica legal! Isto, sim, que é negócio. Vou plantar os grãozinhos e esperar o bem-te-vi cantar. E quando é que o bem-te-vi vai aparecer? Ei!, vozinha!, onde está você? Ué! Desapareceu. Bem, vou voltar pra casa. (música; canto)
    Os meus três grãozinhos vou plantar
    E o bem-te-vi depois vou esperar
    E vai surgir, surgir, por aí,
    Uma magia bem possante como eu nunca vi.
MÃE: (entra) Já de volta, meu filho? Então, conseguiu vender a vaca?
JOÃOZINHO: Fiz um negócio muito melhor. Fiz uma troca.
MÃE: Trocou a vaca. Trocou por que coisa?
JOÃOZINHO: Esses três grãos de feijão.
MÃE: Três grãos de feijão? Você está maluco? Onde já se viu! Três grãos de feijão! Três grãos de feijão!
JOÃOZINHO: Mas são mágicos, mãe. É só plantar e esperar o bem-te-vi.
MÃE: Bem-te-vi. Você foi enganado. Perdemos a nossa vaca, perdemos a nossa vaca! Três grãos de feijão… Três grãos de feijão… (sai)
JOÃOZINHO: Ora, a mãe não acreditou na mágica do grão de feijão. Pois ela vai ver só. Eu vou plantar um grãozinho aqui. Isto. Agora, vou molhar um pouco. (sai e volta com água) Assim, sim. Agora é só ir dormir. Só não entendi direito a história do bem-te-vi. Bem, vou dormir. (sai; música; o pé de feijão cresce; quando está lá no alto, clareia, canta o galo; depois, canta o bem-te-vi)
MÃE: (entra) Hum! Bem-te-vi! Bem-te-vi! Está cantando e não aconteceu nada. Perdemos a nossa vaca. Hum! (susto) João, Joãozinho! Acorda! Eu saí pra ouvir o bem-te-vi e olha só o que eu encontrei! Venha, João. O pé de feijão! É o maior pé de feijão do mundo! Vamos ter feijão gigante. Venha, venha. (música)
JOÃOZINHO: (entra) Nossa! Um pé de feijão gigante! A mágica funcionou! É o maior pé de feijão do mundo! É o pé de feijão de seis milhões de dólares! Viva, viva! (acaba-se a música) Mãe, eu vou subir no pé.
MÃE: Está louco, meu filho! Está louco! Ele vai até lá nas nuvens. Ele se perde nas nuvens.
JOÃOZINHO: Pois eu vou subir até lá. Quero ir até as nuvens. (pula no pé de feijão)
MÃE: Volte aqui, meu filho. Volte! Tome cuidado, Joãozinho. Cuidado pra não cair! (música; João sobe; aparece o castelo)
JOÃOZINHO: Oba! Um castelo! Igual nas histórias de fadas. Mas é um castelo tão grande… Vou bater na porta. Quem será que mora aqui? (bate; a porta se abre; a velhinha dos feijões aparece)
VELHA: (canto) O que é que você está fazendo aqui?
JOÃOZINHO: Olá. Como vai a senhora? Eu plantei o feijão, de manhã, depois do bem-te-vi cantar, minha mãe foi no quintal e tinha um pé de feijão gigante.
VELHA: (canto) Agora é melhor você sair daqui.
JOÃOZINHO: Ora, mas por quê? Estou com uma fome danada. Quem é o dono deste castelo?
VELHA: (canto) É um gigante, gigante, gigante assim,
    Maior que ele não existe porque eu nunca vi.
JOÃOZINHO: Ora, não me diga. Pois eu não tenho medo desse gigante. Como é que ele se chama?
VELHA: (canto) Poderoso é o nome do gigante daqui.
JOÃOZINHO: Poderoso! Ora, e eu lá tenho medo de um gigante chamado Poderoso! (canto)
    Eu sei lutar, lutar, lutar assim
    E esse gigante Poderoso vai morrer no fim.
VELHA: (fala) Não, menino. Você deve fugir. Ele não quer ninguém por aqui por causa da galinha.
JOÃOZINHO: (canto) E o que é que tem essa galinha daqui?
VELHA: (fala) É uma galinha encantada. Ela bota ovos de ouro. É a galinha dos ovos de ouro. Ele não quer saber de ninguém por aqui. Todo dia sai pra vender os ovos de ouro. Não quer trabalhar, só vender os ovos de ouro.
JOÃOZINHO: (canto) E o que é que ele faz se me encontrar aqui?
VELHA: (fala) Ele te mata, te enfia no espeto, te assa e te devora. É um gigante terrível.
JOÃOZINHO: (canto) Eu vou lutar, lutar, até o fim
    E esse gigante Poderoso vai morrer assim. (o Gigante gargalha ao longe; ouve-se seus passos; a Velha canta, como na ópera)
VELHA: (canto) Socorro! Socorro! Socorro!
    Eu corro! Eu fujo! Eu morro!
    Esconda-se aqui! Esconda-se ali!
    Esconda-se aqui, ali, pra lá, pra cá,
    Esconda-se já! (João se esconde; entra o Gigante)
GIGANTE: Ha ha ha ha ha! Hoje posso dizer como todo o gigante de toda a história que tem gigante: Sinto cheiro de carne humana! Sinto cheiro de carne humana!
VELHA: Não é carne humana, meu mui alto Senhor! É um tenro e apetitoso cabrito que minha humilde pessoa preparou com carinho para a pessoa de Vossa Senhoria!
GIGANTE: Hum, hum!
VELHA: Vou já buscar o repasto para que sua pessoa possa se regalar à farta, até que o doce sono venha pesar nas pálpebras de Vossa Senhoria.
GIGANTE: Hum, venha lá este cabrito que tem cheiro de carne humana.
VELHA: (vai e volta) Aqui está, senhor gigante todo poderoso. Coma, coma e beba um pouco desse vinho delicioso que fiz para Vossa Senhoria.
GIGANTE: Hum! Hum! Continuo sentindo cheiro de carne humana. Algum bandido quereria roubar minha galinha? Onde está ela?
VELHA: Está aqui, meu senhor! Está aqui!
GIGANTE: Galinha minha,
    Minha galinha!
    Põe um ovo de ouro
    Pra aumentar o meu tesouro! (a Galinha põe)
GIGANTE: Ha ha ha ha ha! Só eu tenho a Galinha dos Ovos de Ouro! E ninguém vai tirá-la de mim. Porque eu sou o Gigante Poderoso. Ha ha ha ha ha! Ah, que sono, que sono…
VELHA: (canto) Dorme! Dorme! Dorme gigantão!
    Dorme! Dorme! Dorme gigantão!
GIGANTE: (roncos)
VELHA: (canto) Dorme! Dorme! Dorme bobalhão!
GIGANTE: (roncos)
VELHA: Venha, menino. Você deu muita sorte. Fuja imediatamente.
JOÃOZINHO: Vou fugir com uma condição. Vou levar a Galinha dos Ovos de Ouro!
VELHA: Isto mesmo. Foi pra isto que você veio. Agora, rápido. (João foge; a Galinha cacareja)
GIGANTE: (roncos) Quieta, Galinha. Se não, te corto o pescoço!
VELHA: (canto) Dorme! Dorme! Dorme bobalhão!
GIGANTE: (roncos) Quieta, Galinha. Se não, te corto o pescoço!
VELHA: (canto) Dorme! Dorme! Dorme bobalhão!
GIGANTE: (acordando) Onde está ele? Onde está ele? Acabou-se o cheiro de carne humana!
VELHA: Calma, Senhoria! Vou trazer o leitão que acabei de assar para Vossa Pessoa!
GIGANTE: Onde está minha galinha? Onde está minha galinha?
VELHA: Oh, que horror, meu senhor!
GIGANTE: Onde está minha galinha?
VELHA: Oh, meu senhor, que horror!
GIGANTE: Minha Galinha! (dueto)
OS DOIS: Vovozinha, foi você.
    Ai, ai, ai, não fui eu não.
    Vovozinha, foi você.
    Ai, ai, ai, não fui eu não.
    Deixa de má-criação!
    E se eu disser quem foi, ai, ai, ai,
    Eu te dou minha afeição.
VELHA: Oh, meu senhor, que horror. Eu estava na sacada e não vi nada.
OS DOIS: Vovozinha, foi você.
    Ai, ai, ai, não fui eu não.
    Vovozinha, foi você.
    Ai, ai, ai, não fui eu não.
    Vou te dar um safanão!
    E se eu disser quem foi, ai, ai, ai. / Se você disser quem foi, ai, ai, ai,
    Você não faz nada não. / Então, eu não dou mais não.
VELHA: Eu preciso enganar esse Gigante, porque ele corre muito. Pra cada passo que ele dá, o menino tem que dar uns cinquenta.
OS DOIS: Vovozinha, foi você.
    Ai, ai, ai, não fui eu não.
    Vovozinha, foi você.
    Ai, ai, ai, não fui eu não.
    Vou cortar o teu dedão.
    E se eu disser quem foi, ai, ai, ai. / Se você disser quem foi, ai, ai, ai,
    Você não faz nada não. / Então, eu não corto não.
VELHA: Eu não posso permitir que ele pegue o menino. Mais um pouquinho e o menino chega no pé de feijão.
OS DOIS: Vovozinha, foi você.
    Ai, ai, ai, não fui eu não.
    Vovozinha, foi você.
    Ai, ai, ai, não fui eu não.
    Eu te arranco o coração.
    E se eu disser quem foi, ai, ai, ai. / Se você disser quem foi, ai, ai, ai,
    Você não faz nada não. / Então, não arranco não.
GIGANTE: (canto) Velha, Velha,
    Se não me disser quem foi,
    Te boto no pau de arara,
    Te arranco as unhas,
    Te enfio um espeto na perna,    
    Te jogo num buraco,
    Te afogo no poço,
    Te afogo no rio,
    Te afogo no mar!
VELHA: (canto) Eu digo, eu digo,
    Não faça nada não.
    A galinha estava na janela,
    Quando avistou um pavão.
    Ela ficou apaixonada
    E saiu naquela direção.
GIGANTE: A minha Galinha fugiu atrás de um pavão? Mas que pavão misterioso é esse?
VELHA: (canto) Ela foi por aliiiiiiii!
G (sai gritando) Vem cá, pavão misterioso. Vou cortar o teu pescoço!
VELHA: (canto) Eu sabia que o Gigante
    Era mesmo um bobalhão.
    Eu sabia que o Gigante
    Era mesmo um bobalhão.
    Ele é forte mas é burro,
    Eu não vou dizer quem foi, ai, ai, ai,
    Não sou dedo-duro, não.
GIGANTE: (voltando) Velha, você me enganou. Eu vi um menino fugindo com a minha Galinha. Eu te pego, seu desgraçado, eu te pego!
VELHA: (canto) Menino, corre corre,
    Desce pelo feijão
    E chega lá embaixo
    E pega um machado
    E corta tuuuuudo. (música)
JOÃOZINHO: (descendo) Lá vem ele, lá vem ele. Eu vou chegar lá embaixo e vou cortar o pé de feijão e ele vai levar um tombo!
GIGANTE: (só a voz) Eu te pego, seu desgraçado, eu te pego!
JOÃOZINHO: (chegando) Mãe, mãe! O machado, o machado! Eu preciso do machado?
MÃE: (entra) Joãozinho, que bom que você chegou. Mas, pra quê o machado?
JOÃOZINHO: Segura esta Galinha. Com cuidado, com cuidado. Agora, vou cortar esse pé de feijão. Assim, assim, assim… Hahá! Veja, veja, o que é aquilo lá no céu. É um pássaro?
MÃE: Não.
JOÃOZINHO: É um avião?
MÃE: Não.
JOÃOZINHO: É o Super-homem?
MÃE: Não. (barulhão)
OS DOIS: É o Gigante que caiu no chão.
JOÃOZINHO: Viva, viva! Viu só?, mãe! O Gigante morreu.
MÃE: Meu filho, que susto. (abraçam-se)
JOÃOZINHO: Me dá a Galinha.
MÃE: Mas que galinha é esta?
JOÃOZINHO: É a Galinha dos Ovos de Ouro. Nós não vamos mais passar fome. Nós vamos ter tudo que queremos.
OS DOIS: (canto)
    A Galinha agora vai morar aqui!
    E os ovos de ouro vão ficar pra mim.
    La ra ra ra… (fecha a cortina)
JOÃOZINHO: (voltando com um presente) Viva, viva: Agora, atenção, todos vocês. Com o dinheiro do primeiro ovo de ouro eu comprei este presente pro Leonardo. Leonardo! Vem cá pegar o seu presente. Isto. E vamos cantar.
    Parabens pra você / Nesta data querida / Muitas felicidades / É o Joãozinho que diz!

Curitiba, janeiro de 1977.

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