A ditadura da imoralidade 02: MAIS CLAREZA, POR FINEZA
Chego cedo no trabalho
Pra poder ler meu jornal.
Procuro o noticiário,
Diz que está tudo legal.
E publicam com destaque
A fala do Maioral.
Não sei se entendi direitim…
O texto era bem assim:
“Bola esmão pro povolsa
oto é vido garantisto
ou passeatro var quanos
mas já vrono tara o polto”.
Na hora do meu almoço
Ligo logo o meu radinho.
Quero ver o que há de novo
Cruzando no meu caminho.
Ouço a fala do ministro
que discursa com carinho.
Não sei se entendi direitim…
A fala era bem assim:
“A evonomia cai bem
brasisco o baixo é ril
amos vaumentosto o impar
pra enbolso o nosso cher”.
No nosso lanche de hoje
Fizeram reunião.
Todo mundo liberado,
Todo mundo no salão.
O diretor nos mostrou
Os novos planos de ação.
Não sei se entendi direitim…
O plano era bem assim:
“Os acionigem existas
precisar mais trabalhamos
se aumental o capitar
vovão cês chupedo o dar”.
De noite, ao chegar em casa,
Fico em frente da tevê.
Eles sempre apresentam
De todo fato, o porquê.
A notícia era boa,
Vou transmitir a você.
Não sei se entendi direitim…
A nota era bem assim:
“Tosso nal carnavaemos
A cachol e o futebaça.
Til azudo no Brasul
O paões dos bobalhis.”
(vozes: Leo, Felipe, Bruno e Carolina)
Curitiba, 23.11.1977
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