Canções diversas 02.
Nota: Em 1976, imaginei uma pecinha de teatro em que houvesse um velho rei, uma velha rainha, um príncipe inconstante e um bobo desaforado. A partir de um perfil apenas esboçado, faria as canções que definiriam cada personagem. Fiz a da rainha, a do rei, mas a do bobo desviou-se por um atalho inesperado, era a ditadura. Não sei se por esse motivo, a pecinha foi abandonada, tanto melhor. Ficaram os versinhos a seguir:
Canção da rainha: CANÇÃO DA VIÚVA
Morte negra, de asas de água,
Morte fria, de asas de sono.
A vida não passa de fonte de mágoa
Jorrando perdida num mundo sem dono.
Deixar quero este meu corpo escravo
E que o nada revele-se a mim.
Da vida não quero tão amargo travo.
Mas quero da morte o silêncio e o fim.
Curitiba, setembro.1976
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