GIL VICENTE 42. DIÁLOGO SOBRE A RESSURREIÇÃO (1535)

Resumo:

Dois rabinos conversam entre si. Um deles enuncia uma série de provérbios populares, aprendidos de pai, mãe, tio. “…quem chora ou canta, fadas más espanta… não comas quente, não perderás os dentes, quem não mente, não vem de boa gente, não achegues à forca, não te enforcarão”. Dois centuriões se juntam a eles e comunicam que o corpo de Cristo desapareceu, tendo ressuscitado como havia dito. Os rabinos não acreditam. Os centuriões enumeram os efeitos que a ressurreição fez com eles. Um ficou sem os cabelos, o outro sem os dentes e as unhas. Chega outro rabino e eles decidem que, se for verdade, calar-se-ão e negarão tudo. Anunciam que farão festas, para não darem a perceber que foram derrotados.

GV138. Levi (fala)

Que nos calemos em nosso calado:
… Que seja verdade, calar e negar.

(fala: Jorge Teles)

 

Comentário:

É uma peça muito curta, escrita num tom jocoso, satirizando os judeus, todavia sem menosprezá-los. A narração da ressurreição, vista pelo ângulo dos judeus. Como fez em muitos de seus autos, Gil Vicente moderniza a situação de ações antigas, falando de fatos ligados ao Portugal de seu tempo.

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