o dia sem nome, 12

O dia sem nome, 12.

Aquele estranho zumbido não pertencia a Wagner. De onde teria surgido? O homem triste compreendeu de repente o que acontecia
loucos, loucos, loucos…
A música começou a se distorcer, as cores foram se misturando, as linhas ficaram curvas, ele pensou mas não teve tempo de
mas eu venci porque consegui beber a morte antes
E seus olhos se diluíram e os miolos e os ossos e os músculos, num amontoado pastoso, o copo rolou e foi feita a última libação aos deuses infernais das velhas lendas, anunciando com o resto do vinho de cor negra que toda a humanidade e toda a criatura viva se tinha oferecido em holocausto.
A bateria era nova, o Prelúdio e a Morte de amor se repetiram indefinidamente, sem pressa, com a mesma carga de tensão e desespero, durante seis meses e dois dias, quando, finalmente, um pedaço de parede caiu sobre o aparelho, fazendo calar aquele importuno que teimara tanto tempo mais que o resto, falando de amor e de morte para um planeta perdido e mudo.
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